Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 28 de outubro de 2022
O líder supremo do Irã prometeu retaliar contra aqueles que ameaçam a segurança do país após o massacre de peregrinos xiitas, em ataque reivindicado pelo Estado Islâmico que ameaça inflamar as tensões em meio a protestos antigovernamentais generalizados. Em um comunicado lido na TV estatal, o aiatolá Ali Khamenei disse que os agressores “certamente serão punidos” e pediu aos iranianos que se unam.
“Todos nós temos o dever de lidar com o inimigo e seus agentes traidores ou ignorantes”, declarou Khamenei um dia após o ataque matar 15 pessoas. O enterro aconteceu nesta sexta-feira (28).
O pedido de unidade de Khamenei parecia ser dirigido principalmente a partidários do governo e não a manifestantes cujo movimento de quase seis semanas é visto pelas autoridades como uma ameaça à segurança nacional.
Protestos
Os governantes clericais do Irã enfrentam manifestações em todo o País desde a morte sob custódia policial de Mahsa Amini, uma mulher curda de 22 anos, em 16 de setembro.
Autoridades iranianas disseram que prenderam um atirador que realizou o ataque no santuário Shah Cheragh, na cidade de Shiraz. A mídia estatal culpou os “terroristas takfiri” – um rótulo que Teerã usa para militantes muçulmanos sunitas radicais, como o Estado Islâmico.
O Estado Islâmico, que já representou uma ameaça à segurança em todo o Oriente Médio, reivindicou violência anterior no Irã, incluindo ataques mortais em 2017 que atingiram o Parlamento e o túmulo do fundador da República Islâmica, o aiatolá Ruhollah Khomeini.
O assassinato de peregrinos xiitas ocorreu no mesmo dia em que as forças de segurança iranianas entraram em confronto com manifestantes cada vez mais estridentes, marcando 40 dias desde a morte de Amini.
As manifestações se tornaram um dos maiores desafios à liderança clerical desde a revolução de 1979, atraindo muitos iranianos às ruas, com alguns pedindo a queda da República Islâmica e a morte do líder supremo Khamenei.
O grupo de direitos humanos Hengaw disse que dois jovens foram mortos a tiros pela polícia durante protestos em Sanandaj, capital da província do Curdistão, e na cidade de Mahabad, no noroeste, durante manifestações em todo o Irã na última quarta-feira.
Estado Islâmico
O Estado Islâmico é um califado com atuação terrorista que controla regiões no Iraque e na Síria e baseia sua ideologia em interpretações radicais de determinados princípios do Islamismo.
Esse califado – um Estado que é governado por uma autoridade religiosa, o califa – foi criado em 29 de junho de 2014 e espalha o terror sobre a população das regiões que controla, perseguindo minorias e organizando ataques terroristas em outras partes do mundo, como os ataques recentemente ocorridos na França.
O surgimento do Estado Islâmico está diretamente relacionado com a instabilidade gerada pela guerra no Iraque após a invasão norte-americana em 2003. Esse cenário permitiu que grupos jihadistas fossem instalados e desenvolvidos livremente nesse país. Entre esses grupos está a Al-Qaeda, que se instalou no Iraque em 2004 e foi liderada pelo jordaniano Abu Musab Al-Zarqawi (morto em 2006).
Com o início da guerra civil iraquiana em 2006, o grupo rompeu com a Al-Qaeda e concentrou suas atenções no Iraque. A partir da Primavera Árabe e da onda de protestos espalhados pelas nações árabes, o Estado Islâmico viu a oportunidade de instalar-se na Síria e, com o início da guerra civil síria, o grupo passou a atuar tanto nesse país quanto no Iraque.
Atualmente liderado pelo autodeclarado califa Abu Bakr al-Baghdadi, o Estado Islâmico impõe a sharia, a lei islâmica, nos territórios dominados e persegue minorias religiosas, além de lutar contra outros grupos islâmicos.