Lideranças da Câmara dos Deputados cancelaram uma reunião que ocorreria na tarde desta terça-feira (06) com os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
O motivo, segundo lideranças da Câmara, é que a maioria deles se sentiu incomodada em participar do encontro sem a participação do presidente da Câmara, Arthur Lira. Parte dos parlamentares também está fora de Brasília, o que esvaziaria o quórum do encontro”.
Ele não teria sido convidado para a reunião, segundo seus interlocutores. A avaliação no seu entorno é que Haddad e Padilha tentaram forçar um encontro sem ele em um momento em que a relação dele com o governo está desgastada.
“A Fazenda confirmou que Lira não foi convidado e que a ideia da reunião era tratar da agenda apenas com os líderes”. Tanto que o presidente Lula disse a aliados não garantir um encontro nos próximos dias com o presidente da Câmara, Arthur Lira.
Segundo esses relatos, são dois os principais motivos. Primeiro, de agenda. Lula foi ao Rio de Janeiro e Baixada Fluminense nesta terça e quarta-feira para uma série de inaugurações. Na quinta estará em Belo Horizonte. Depois já se inicia o Carnaval e na terça-feira que vem, o presidente viaja para a Etiópia.
O segundo motivo é político. O presidente teria relatado a auxiliares incômodo com as cobranças que têm sido feitas nos bastidores por Lira ao ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
Lira e Padilha não se falam desde o ano passado depois que o governo federal tomou uma série de decisões contrárias ao Congresso, como o veto à Lei de Diretrizes Orçamentárias sobre cronograma de emendas e a mais de R$ 5 bilhões em emendas parlamentares.
Na visão do governo, são decisões que foram tomadas pelo Planalto, e que portanto, não cabe a Lira liderar um processo de fritura política de Padilha. O entendimento de interlocutores do presidente é que um dos motivos que têm incomodado Lira é a indefinição até agora do nome preferido do Planalto para a sucessão de Lira.
Todos os sinais dados por ora são de uma preferência por nomes como o de Marcos Pereira (Republicanos-SP) ou Antonio Brito (PSD-BA) e não por Elmar Nascimento (UB-BA), o candidato de Lira. Além disso, há a leitura de que o embate é pelo controle do orçamento federal. O Congresso avançou nos últimos anos sobre o orçamento federal e o governo Lula tem tentado retomar ao menos parte deste controle.