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Líderes religiosos avaliam que o radicalismo do candidato Jair Bolsonaro afasta parte dos eleitores evangélicos

Concorrentes apostam em paralisia do deputado nas pesquisas. (Foto: Agência Brasil)

Porta-voz de bandeiras conservadoras, o deputado federal e candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL-RJ) teria um alto potencial de atração do voto evangélico, não fossem as posições mais radicais apresentadas por ele. A avaliação é de líderes religiosos.

De olho nesse eleitorado, o candidato tentou firmar uma aliança com o PR de Valdemar Costa Neto para garantir como o vice da chapa o senador Magno Malta (ES), que é pastor e cantor.

Os planos de Bolsonaro naufragaram com a negativa do PR, que formou um bloco com demais partidos de centro (DEM, PP e Solidariedade) e oficializou apoio ao tucano Geraldo Alckmin no último dia 26.

Apesar da decisão de seu partido, Malta seguirá apoiando a candidatura do deputado do PSL. Ele nega a existência de uma estratégia específica para aproximar Bolsonaro desse público, mas diz que há uma convergência natural.

“As pautas que nós defendemos, que Bolsonaro defende, são as pautas que os evangélicos também defendem”, afirma.

De criação católica, Bolsonaro construiu relações com a igreja evangélica. Além de ter filhos com formação batista, em 2016 o deputado foi batizado em Israel pelo pastor Everaldo (PSC) e teve o seu último casamento celebrado pelo chefe da igreja Vitória em Cristo, pastor Silas Malafaia, um mais aguerridos defensores de sua candidatura: “Acredito que de 70% a 80% de evangélicos vão votar em Bolsonaro”.

Uma pesquisa divulgada em junho pelo instituto Datafolha, porém, mostra que a intenção de votos do deputado entre os evangélicos está em 17%, contra 28% do ex-presidente Lula. O apoio é tecnicamente igual ao dado a ele por católicos ou pessoas sem religião.

“Firmeza”

Para líderes evangélicos, o capitão reformado do Exército é o presidenciável que se pronuncia com mais firmeza a favor de valores compartilhados pelas igrejas. Ele defende a família formada por homem e mulher e ataca propostas relacionadas à ideologia de gênero, à legalização do aborto e à descriminalização das drogas.

Na avaliação do pastor Luiz Roberto Silvado, presidente da Convenção Batista Brasileira, ao levantar essas bandeiras Bolsonaro atrai parte da população, independentemente do credo. Ele afirma que os batistas não apoiarão oficialmente um candidato específico.

Bolsonaro também é lembrado por episódios de radicalismo. Seus comentários já foram parar na Justiça, como no caso em que foi condenado por dizer que a deputada Maria do Rosário (PT-RS), sua colega no Legislativo federal, “não merecia ser estuprada, por ser muito feia”.

Ele ainda é contrário ao desarmamento da população, o que vai contra a visão de parte das lideranças religiosas. “Ele perde muita gente por causa do radicalismo no parlamento, porque existe uma forte influência pacifista no meio evangélico”, avalia Silvado.

Silas Malafaia discorda dessa visão e diz que, apesar de ser a favor do desarmamento, percebeu que grande número de evangélicos é contra. O pastor acredita que até seria bom Bolsonaro moderar o discurso, mas, para ele, valores relacionados à formação da família são mais fortes para esse público.

Magno Malta também nega que haja radicalização. “Eu acho que mais radical que Bolsonaro é apoiar corrupto. É apoiar quem está envolvido na Lava Jato”, afirma.

Líder da Igreja Apostólica Fonte da Vida, o apóstolo Cesar Augusto avalia que as posições de Bolsonaro têm dois lados, podendo atrair ao mesmo tempo em que repelem o eleitor evangélico: “Acho que Bolsonaro tem dificuldades. Pode até ser brincadeira, mas é de mau gosto ele colocar crianças se posicionando como se estivesse com uma arma na mão”.

“Alckmin também tem posições conservadoras que agradam o evangélico. Ele precisa expor isso mais claramente. A vantagem do Bolsonaro é que ele se posicionou desde o início”, completa o apóstolo.

Líder da Sara Nossa Terra e presidente da Confederação dos Conselhos de Pastores do Brasil, o bispo Robson Rodovalho disse que vai trabalhar pelo candidato que aliar liberalismo econômico e conceitos tradicionais de família.

“Claro que ele se tornou um dos grandes guardiões no Congresso desses valores e princípios. Eu acho que realmente parte do voto evangélico naturalmente deve fluir para a candidatura do Bolsonaro”, afirmou.

Para ele, a questão do armamento não gera conflito com o segmento. “O evangélico, como toda a sociedade atual, está extremamente indignado com a violência e a inoperância do Estado”, afirmou, argumentando que a sociedade está preparada para rever a legislação nessa área.

A Congregação Cristã do Brasil informou que é absolutamente apolítica. Ao afirmar que não vai apresentar posicionamento, a Igreja Universal do Reino de Deus disse que “é nosso dever bíblico orar por nossos governantes e escolher bem quem irá governar”.

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