Segunda-feira, 01 de julho de 2024

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Ali Klemt Limpeza geral

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(Foto: Pablo Reis/Ascom SPGG)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Aos poucos, vamos saindo da tragédia e tentando retomar a vida. Tem sido assim em cada cantinho do Rio Grande do Sul. Um dia após o outro, seja com apoio emocional, seja com apoio financeiro, cada um de nós vai seguindo em frente do jeito que dá.

Existe, porém, uma certeza que ninguém me tira, apesar de tudo: o caos pode, sim, ser lindo. O caos pode ser positivo. O caos joga as peças do tabuleiro para o espaço e pede ao universo que assuma as rédeas para botar as coisas no lugar. Somos acostumados a desgostar de qualquer situação que não esteja alinhada às nossas expectativas.

A verdade, porém, é que a vida nos atropela constantemente – e não é por acaso que a seleção natural de Darwin destaca os seres que melhor se adaptam como os que, efetivamente, sobrevivem. E é por isso que estamos aqui. Para aprender e evoluir. E evoluir é melhorar.

Sem desconsiderar, de forma alguma, as perdas das enchentes, tento dimensionar os nossos aprendizados: entendemos a força da união e o poder da solidariedade. Saímos abalados, mas não menos fortes.

Ninguém disse que seria fácil. E não tem sido. A cada depoimento que ouço, a cada história que conheço, mais eu penso “meu Deus, que loucura foi essa?”. Há, porém, um elemento específico que me deixa profundamente empolgada: é do caos que nascem grandes oportunidades. É da confusão que surge a vontade de resolver. A busca pela lógica. A solução para os problemas.

Não é difícil entender o porquê: é a partir da disfuncionalidade que surge a necessidade de ajustar as peças. Simples. Daí porque uma realidade de lei e de ordem constantes não cria…a criatividade! O caos nos permite repensar. O caos nos permite realocar cada coisa em um novo lugar. O Caos nos permite, enfim, recriar a realidade.

Para mim, particularmente, as enchentes de maio derrubaram sonhos e projetos, Muitos, acredite. Não perdi casa nem negócio nem bens, mas fui atropelada pelo fluxo invencível da natureza, e vi meus planos irem por água abaixo – e essa é uma expressão literal e infeliz, sem dúvida. Porém, real.

Eu costumo, contudo, dizer que amo o caos. Amo o caos porque ele joga para cima todas as peças do tabuleiro. Amo o caos porque ele nos tira da rota supostamente óbvia da vida para nos abrir inúmeras possibilidades. Amo o caos porque ele nos pressiona a “resetar” a vida.

E assim tem sido comigo e com muitas outras pessoas. Tem gente que perdeu milhões, mas ganhou a certeza de que o seu negócio vale cada minuto perdido. Tem gente que não perdeu dinheiro, mas perdeu oportunidades e, talvez isso, tenha sido para o bem. Tem gente que perdeu ambos, mas não se deixou abater. Perdas. Perdas doem, mas nos fazem refletir sobre o que realmente importa. Sobre o que se foi ou o que não podia ter ido. Sobre o espaço que ficou vazio.

Cada um teve o seu ‘rebote” pós-enchente. O meu foi resetar inúmeros projetos. Zerei. Recomecei. Se é para o bem, não sei. Porém, essa loucura toda movimentou a minha cabeça e o meu coração e me fez querer botar ordem no caos. Reorganizar as vontades e reestruturar os sonhos. O caos me fez ver que, talvez, a confusão seja benéfica para jogar tudo para o alto e deixar as peças caírem conforme a sua própria vontade.

Talvez – e esse é um enorme talvez – seja necessária uma pausa na continuidade para perceber que ela não deve continuar. Talvez seja necessário tirar tudo do lugar para concluir que estava tudo, enfim, no lugar errado. Talvez, afinal, precisamos entender que nada é concreto e que tudo é movimento- e que o mais correto é, enfim, o instante.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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