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Por Redação O Sul | 18 de novembro de 2019
Linda, inteligente e bem resolvida. Não é uma tarefa difícil admirar Alinne Moraes. Dividindo palco com Ana Beatriz Nogueira, na peça ‘Relâmpago Cifrado’, em cartaz no Teatro Petra Gold no Leblon, a atriz garante que o público vai se identificar com a história e os conflitos vividos pelas duas médicas protagonistas.
“Acho que a principal conexão com o espetáculo é a empatia. A princípio, a médica que interpreto trata a doença, é muito técnica e prática, enquanto a médica interpretada pela Ana é mais humanista. O embate das duas é bem atual e surpreendente”, destaca a atriz, enquanto aproveita para falar do papel do teatro na sociedade, principalmente em momentos de histeria política.
“O teatro sempre teve sua importância em momentos históricos quando essa presença se fez necessária. No contexto político atual, o cenário está bem feio, com episódios de censura no setor cultural, interrupção de financiamento, suspensão de editais e sobrando agressão e grosseria até pra Fernanda Montenegro”, critica a atriz, fazendo referência aos xingamentos de Roberto Alvim, diretor da Funarte, à Dona Fernanda.
Viço da juventude
Comemorando 37 anos no mês que vem, Alinne afasta o fantasma do envelhecimento e revela usufruir da jovialidade para viver com mais leveza. “Não quero pensar que com 36 estou chegando nos 40, embora pela lógica, seja inevitável. O viço da juventude dá um despojamento saudável no que diz respeito a se vestir para sair na rua e tal”, conta.
De toda forma, Alinne destaca, com bom humor, as vantagens que vêm com o tempo. “Mas a idade traz uma segurança que só a experiência dá. E isso não tem a ver com a disposição de um metabolismo juvenil. Parece clichê e é, mas a verdade é que a experiência substitui o viço. Não que se deva abandonar o colágeno de vez”, brinca a atriz.
Pé no chão
Mãe coruja, a atriz reflete sobre a diferença entre sua geração e a de seu filho, Pedro, de 5 anos. Para Alinne, a evolução da tecnologia não implica em um crescimento intelectual dos jovens. “Tenho uma perspectiva contrária ao suposto ‘entendimento’ de que a criança moderna é mais desenvolvida por conta do domínio de gadgets e games. Do meu ponto de vista, esse tipo de tecnologia é desenvolvida para criar atalhos e facilitar o caminho do raciocínio e do prazer”, defende.
A atriz se conforta, no entanto, que seu filho tenha gosto por atividades mais desconectadas, como as que ela costumava escolher na infância em Sorocaba. “Meu filho, de fato, joga o iPad para o lado e vai brincar de jogar cartas, bola ou esconde-esconde. Pelo menos, me parece natural dele. E eu diria que as brincadeiras do meu tempo, e de antes, são até sofisticadas se comparadas a um aplicativo e suas interfaces”, destaca a atriz.
Maturidade
Dando mais um exemplo de sensatez, Alinne voltou a falar sobre o encontro em cena com seu ex-marido, Cauã Reymond. Separados desde 2005, o casal de atores voltará a dividir os holofotes na novela das 21h, ‘Em Seu Lugar’, que irá substituir ‘Amor de Mãe’. Para a atriz, a situação não traz nenhum conflito. “Eu penso que isso não é sobre ser ‘zen’ ou tranquila, até porque não é exatamente o meu caso, mas é sobre racionalidade. Somos ambos profissionais e adultos, sempre respeitamos um ao outro e até já trabalhamos juntos”.
Alinne aproveita a situação, inclusive, para elogiar o ex e alfinetar os maldosos de plantão. “Trabalhar com ele, para mim, nada mais é do que contracenar com alguém que admiro, tanto no ofício quanto no convívio. Quando é assim, o resultado tende a ser bom, e o resto é cafonice provinciana”, argumenta a atriz, que não deixa escapar nenhum pedacinho da história da trama.
Ao que parece, Cauã vai interpretar irmãos gêmeos, e Alinne fará uma mulher que vai orbitar no relacionamento desses dois irmãos. A história lembra o triângulo amoroso protagonizado pela atriz e pelos gêmeos vividos por Mateus Solano em ‘Viver a Vida’. Sobre a coincidência, Alinne continua a fazer mistério. “Não posso “spoilerzar” a respeito”, brinca.