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Liraglutida, do medicamento Saxenda, é segura e eficaz em crianças de 6 a 12 anos, diz estudo

Cientistas, entretanto, encontraram alguns efeitos adversos e deverão fazer novas pesquisas. (Foto: Freepik)

Um estudo recente publicado no The New England Journal of Medicine e apresentado na Associação Europeia para o Estudo da Obesidade Diabética (EASD) investigou o uso de liraglutida, do medicamento Saxenda, para reduzir a obesidade entre crianças de seis a 12 anos.

Este medicamento é um análogo do peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1), encontrado no Ozempic, que reduz o peso em adolescentes e adultos obesos. No entanto, a eficácia e a segurança do medicamento em crianças são desconhecidas.

Este peptídeo funciona centralmente para aumentar a saciedade das pessoas e suprimir o apetite, bem como a ingestão de energia o que leva ao emagrecimento.

Os pesquisadores randomizaram 82 crianças; 56 receberam liraglutida, enquanto 26 receberam placebo. O estudo foi conduzido em 23 locais em nove países entre março de 2021 e janeiro de 2024. Os valores de IMC dos participantes estavam no 95 percentil ou mais, de acordo com os gráficos de crescimento dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC). Nenhum tinha diabetes dependente de insulina ou outras condições relacionadas à adiposidade.

As crianças receberam 3,0 mg de liraglutida uma vez ao dia por via subcutânea ou um placebo com intervenções no estilo de vida ao longo de 56 semanas. O estudo incluiu 26 semanas de acompanhamento. Os pesquisadores iniciaram liraglutida 0,6 mg diariamente por uma semana para crianças pesando mais de 45 kg e 0,3 mg diariamente para aquelas pesando menos.

Eles aumentaram a dose em incrementos de 0,6 mg semanalmente, ao longo de oito semanas para crianças com peso maior de 45 kg ou dez semanas para aquelas com peso menor.

As intervenções no estilo de vida incluíram aconselhamento dietético por profissionais certificados e uma hora de exercício físico de intensidade moderada-alta diariamente.

Entre as conclusões, os pesquisadores perceberam uma mudança percentual nos valores do IMC. A equipe observou reduções de IMC maiores de 5,0% entre 46% dos receptores de liraglutida e 9,0% dos receptores de placebo. Houve também mudanças na pontuação do desvio padrão do IMC e alterações na circunferência da cintura, peso, hemoglobina glicada e pressão arterial.

Porém, mais estudos são necessários, visto que os pesquisadores também avaliaram eventos adversos e eventos adversos graves entre as crianças. Ao menos 88% dos receptores de placebo e 89% dos receptores de liraglutida relataram eventos adversos. Crianças tratadas com liraglutida apresentaram eventos gastrointestinal com mais frequência (80%) em comparação aos receptores de placebo (54%).

O estudo ainda está aberto e tende a ser concluído em janeiro de 2027. Os pesquisadores acreditam que até o final deste período os resultados serão maiores e terão mais respostas, principalmente sobre os efeitos adversos encontrados.

Obesidade

De acordo com um estudo publicado na última semana na revista científica The Lancet e apoiado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de um bilhão de pessoas no mundo, 1 a cada 8, vivem com obesidade.

No Brasil, porém, a proporção considerando a população adulta já é de 1 pessoa com a doença a cada 4, apontam dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2023, monitoramento anual do Ministério da Saúde.

A obesidade é uma condição crônica, recorrente e progressiva que comumente precede a obesidade adolescente e continua na idade adulta. Ela está associada a doenças de longo prazo, como diabetes tipo 2, esteato-hepatite, malignidade e um risco elevado de morte por doença cardiovascular.

O tratamento da obesidade em crianças e adolescentes envolve mudanças no estilo de vida, como uma dieta nutritiva e atividade física frequente.

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