Segunda-feira, 03 de março de 2025
Por Redação O Sul | 25 de julho de 2023
Para Lula, as pessoas estão com “muita boa vontade de fazer as coisas acontecerem” e, assim, têm direito de pedir participação no governo.
Foto: DivulgaçãoO presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nessa terça-feira (25), que o Centrão não existe e que conversará individualmente com os partidos sobre a participação de cada um no governo. Segundo ele, isso dará tranquilidade nas votações de matérias de interesse no Congresso Nacional.
“Eu não quero conversar com o Centrão enquanto organização, eu quero conversar com o PP, com o Republicanos, com o PSD, com o União Brasil, é assim que a gente conversa. E é normal que, se esses partidos quiserem apoiar a gente, eles queiram participar do governo e você tenta arrumar um lugar para colocar [no governo], para dar tranquilidade ao governo nas votações que nós precisamos para melhor aprimorar o funcionamento do Brasil. É exatamente isso que vai acontecer”, disse no programa semanal Conversa com o Presidente.
Segundo o presidente, em todo o mundo governos democráticos fazem acordos partidários, mas que no Brasil isso é tratado como uma política de “é dando que se recebe”. Para Lula, as pessoas estão com “muita boa vontade de fazer as coisas acontecerem” e, assim, têm direito de pedir participação no governo.
“E eu acho plenamente possível. Nós vamos discutir isso nesses próximos dias. Não estou preocupado, ainda não fiz nenhuma conversa com ninguém”, revelou. “Quando eu conversar, terei todo o interesse que a imprensa saiba porque não tem conversa sigilosa na minha vida política”, acrescentou.
Lula destacou, entretanto, que não é o partido que escolhe o ministério que será ocupado, é o presidente da República. Recentemente, por exemplo, o presidente descartou a troca no comando no Ministério da Saúde, comandado pela pesquisadora Nísia Trindade, ex-presidente da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
De acordo com Lula, o chamado Centrão é o ajuntamento de um grupo de partidos em determinadas situações. “Eu não reúno o Centrão, o Centrão não existe”, disse. “Eles nasceram na Constituinte de 88, que não queriam que a esquerda avançasse muito, então quando a gente estava votando muitos direitos sociais, criou-se o Centrão. Ou seja, todos os partidos mais conservadores se juntaram, eles estão aí representados em 50 partidos”, explicou.
Clubes de tiro
O petista salientou que falou com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, de que o governo tem que fechar “quase todos” os clubes de tiro. Lula defendeu que apenas as forças de segurança precisam de um espaço para “treinar tiro”.
“Eu, sinceramente, não acho que um empresário que tem um lugar para praticar tiro é um empresário. Eu, sinceramente, não acho. Eu, já disse para o Flávio Dino, nós temos que fechar quase todos, só deixar aberto aqueles que são da PM e do Exército, ou da Polícia Civil. É organização policial que tem que ter ligar para atirar, para treinar tiro. Não é a sociedade brasileira. Nós não estamos preparando uma revolução. Eles tentaram preparar um golpe, “sifu”. Nós não”, disse.
Dores no quadril
O petista afirmou que tem um problema antigo na cabeça do fêmur e que a dor tem se intensificado. Por isso, está se preparando para realizar o procedimento em outubro.
“Eu quero fazer a cirurgia porque não quero ficar com dor. Ninguém consegue trabalhar com dor o dia inteiro”, disse o petista, que tem artrose no quadril há vários anos.
“Enquanto eu estiver me recuperando, o Alckmin fica no comando, sabe? Com total tranquilidade, que eu tenho total confiança no Alckmin, ele é um parceiro extraordinário, e o Brasil vai em frente”, afirmou.
Durante o programa, Lula deu mais detalhes sobre as dores que sente. “Eu estou como jogador de bola que não quer dizer para o técnico que está sentindo uma dor para não ir para o banco. Ele quer continuar jogando, e ele, então, finge que não está doendo”, disse.
“Eu sinto que às vezes eu estou com mau humor com meus companheiros. Eu chego de manhã para trabalhar, quando eu boto o pé no chão já dói, e eu tenho que falar bom dia sorrindo. Às vezes, eu não consigo falar. Às vezes, fica visível no meu rosto que eu estou irritado, que eu estou nervoso”, continuou.
“Aí você vai ficando uma pessoa incômoda, uma pessoa chata, você vai ficando uma pessoa que ninguém quer falar mais bom dia para você com medo de tomar um esporro”, explicou.