Definitivamente, não é só com histórias contemporâneas sobre a vida alheia que se faz sucesso. Na verdade, um livro com tramas bastante atuais tem conquistado leitores no Reino Unido – mesmo tendo sido escrito há… 2 mil anos. “The lives of the Caesars” (ou “A vida dos Césares”, na tradução para o português), do escritor Suetônio, foi traduzido do latim e está fazendo sucesso nas livrarias com enredos sobre “falhas, as crises de política externa e os escândalos sexuais dos imperadores”.
Traduzido por Tom Holland, apresentador do podcast The Rest Is History, que faz sucesso na internet, o livro reúne 12 histórias que avançam sobre a época do governo de Júlio César e de outros 11 imperadores romanos. A obra foi lançada em 13 de fevereiro pela editora Penguin Classics.
“Estou feliz por Suetônio, em ver que o rapaz ainda é capaz de figurar entre os best-sellers depois de dois milênios”, disse Holland em entrevista ao jornal britânico The Guardian. “Tem a qualidade de uma coluna de fofocas sofisticada”, descreve ele sobre o livro.
Suetônio foi um grande estudioso dos costumes de sua gente e de seu tempo e escreveu um grande volume de obras eruditas, nas quais descrevia os principais personagens da época. Foi, sobretudo, um indiscreto devassador das intimidades da Corte Romana, dando-nos uma visão íntima dos vícios dos Imperadores e das picuinhas que dividiam a nobreza.
O autor, aliás, acredita que o sucesso nas livrarias foi feito justamente pelo êxito de seu podcast na web – o programa já lançou quatro episódios sobre Suetônio e conseguiu cerca de 17,5 milhões de downloads.
De acordo com a editora, Penguin Classics, as vísceras do poder romano são “expostas sem rodeios; conhecemos seus gostos (dos imperadores), manias e excentricidades; sentamos à sua mesa e entramos em seus aposentos. O resultado é, possivelmente, a mais influente coleção de biografias já escrita”.
A Penguin afirma que “o fato de Roma viver tão intensamente na imaginação das pessoas, mais do que qualquer outro império da antiguidade, deve muito a Suetônio”.
O escritor latino escreveu o livro durante o governo de Adriano, no início do século II d.C. “Acho que o motivo pelo qual esse livro sempre foi popular é o fato de estar cheio das fofocas mais sensacionais. É como se fosse o Popbitch da Roma Antiga. Tem escândalos e detalhes extraordinários, mas também é muito perspicaz do ponto de vista psicológico”, afirmou Holland à publicação britânica.
(AG)