A medida provisória que institui o livre mercado no setor de combustíveis é passo essencial, mas todo cuidado é pouco. As distribuidoras, que não passam de atravessadoras no setor, não desistirão facilmente do negócio que “ganharam” de bandeja da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e devem acionar seu lobby bilionário para tentar impedir a aprovação da medida. Maiores financiadores de campanhas eleitorais, atravessadores têm até “bancada” de parlamentares que defendem os seus interesses.
Enfim, o livre mercado
A luta dos produtores de etanol é pelo livre mercado. Era o único setor proibido de vender o que produz aos clientes: os postos de combustíveis.
Consumidor beneficiado
É estreita a avaliação de que as mudanças beneficiam o Nordeste. Não é o caso. O consumidor é que será o grande beneficiado.
Preço será o de mercado
As distribuidoras poderão operar da mesma maneira, só que o preço será o do mercado e não aqueles que essas atravessadoras ditavam.
Produtor será distribuidor
Pela nova regra, cada produtor passa ser uma distribuidora. Não fazia o menor sentido o fabricante não poder vender sua produção.
‘Traição’ de líder do governo espantou o Planalto
Em política, como na vida, “trair e coçar, é só começar”, de acordo com o vaticínio da comédia de Marcos Caruso. A expressão tem sido usada no Planalto para definir voto contrário do deputado Fernando Coelho Filho (DEM-PE) à PEC da impressão do voto. Afinal, seu pai, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), é líder do governo Bolsonaro e o irmão Miguel é prefeito de Petrolina (PE), particularmente beneficiado por verbas federais. Procurado, o senador não se pronunciou sobre o tema.
Família no mesmo barco
O senador, o filho deputado e o outro, prefeito, têm algo mais em comum: os três são investigados e/ou indiciados pela Polícia Federal.
Chesf, feudo do senador
O senador controla cargos federais. Ele indicou, por exemplo, Fábio Lopes para presidir a Chesf e o diretor financeiro Jenner Guimarães.
Correndo para o abraço
Pela manhã, usando como pretexto o desfile de blindados da Marinha, o líder criticou o próprio governo. Acabou homenageado pela oposição.
Alô, Moraes!
A revogação da Lei de Segurança Nacional tem uma consequência direta e rápida, segundo a mestre em Direito Penal Jacqueline Valles: todos os processos serão extintos. É o caso do deputado Daniel Silveira (PSL-RJ).
Perdendo tração
Após prever que a CPI da Pandemia perderia “tração”, o cientista político Paulo Kramer observa que é cada vez menor o tempo de transmissão ao vivo que os canais de notícias dedicam às suas sessões.
Rachou geral
A votação da PEC do voto impresso mostrou não só divisão na Câmara, mas dentro dos partidos, de todas as ideologias. Siglas como PDT, PSB, PSD, PL etc viram grande parte dos deputados contrariando lideranças.
Climão de desafio
Os casos de DEM e PSDB foram ainda mais graves, tiveram mais votos a favor da PEC apesar da orientação para votar contra. O PSDB chegou a fechar questão, o que, em tese, acarreta sanções a quem desobedecer
Itamaraty ‘by passado’
O esperto embaixador da Argentina em Brasília, Daniel Sciola, passou por cima do Itamaraty e recorreu ao almirante Flávio Rocha para ter acesso a Bolsonaro. E usou a audiência para vender em seu país um protagonismo que não tem. O que ele tem é a parceria do almirante.
A força do campo
O Brasil sofre com uma seca histórica, mas os avanços tecnológicos e a resiliência dos agricultores devem garantir 254 milhões de toneladas de grãos na Safra 2020/21. O volume é apenas 1,2% menor que a anterior.
Bandeira familiar
Eduardo Bismarck (PDT-CE) reapresentou proposta para oferecer cursos profissionalizantes e alfabetização a pescadores no período do defeso. A ideia original foi apresentada por seu pai, o ex-deputado Bismarck Maia.
Coerência passou longe
Em votação acachapante, Flordelis teve mandato cassado por 437 votos a favor e 7 contra. Um deles de Glauber Braga (Psol-RJ), para quem parece ser importante punir apenas “quem mandou matar Marielle”.
Pensando bem…
… se a grita com meia dúzia de blindados soltando fumaça provocou tanta celeuma, imaginem no desfile de Sete de Setembro.
PODER SEM PUDOR
Geisel avisou
De 1957, representando o Exército no Conselho Nacional do Petróleo, a 1979, quando deixou a presidência da República, o general Ernesto Geisel sempre foi contra o gasoduto boliviano. Desde quando o cocaleiro Evo Morales invadiu e se apropriou da refinaria da Petrobras na Bolívia, diante da passividade do governo Lula, o argumento de Geisel foi lembrado: “E quando aqueles bolivianos fecharem a válvula, o que é que eu faço? Mando o Exército lá abrir?”
Com André Brito e Tiago Vasconcelos