Uma investigação interna da Petrobras achou indícios de que os ex-diretores Jorge Zelada e Renato Duque fizeram uma segunda viagem ao exterior para degustar vinhos em companhia do lobista da empresa holandesa SBM no Brasil, Júlio Faerman. O período previsto para a viagem, conforme documentação encontrada, foi de 14 a 22 de outubro de 2011, com destino à França.
Eles teriam ido mais especificamente à região de Bordeaux. Investigadores apuram se o ex-presidente da Petrobras América, José Orlando Melo de Azevedo, e o sócio de Faerman, Luís Eduardo Barbosa da Silva, também participaram da viagem. O grupo formava uma espécie de “confraria do vinho”, com esse interesse em comum.
Duque e Zelada atualmente estão presos devido à Operação Lava-Jato, sob acusações de corrupção. Já Faerman é investigado sob acusação de ter pago propina a funcionários da Petrobras, mas assinou acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal.
Zelada também é suspeito de ter vazado documentos sigilosos da petroleira a Faerman. A estatal descobriu que a senha do ex-diretor foi usada para extrair documentos que posteriormente foram encontrados em computadores da empresa holandesa.
Uma primeira viagem foi feita pelo mesmo grupo em 2011, segundo informou o ex-ministro da CGU (Controladoria-Geral da União), Jorge Hage, à CPI da Petrobras. Documentos também obtidos por auditoria interna da estatal apontam que essa ida ocorreu entre 31 de maio e 5 de junho, a vinícolas na Argentina. Contudo, não incluem o nome de José Orlando de Azevedo.
Não foram encontradas evidências de que a SBM pagou o deslocamento para os ex-funcionários da Petrobras. As investigações até agora apontam que os representantes da empresa holandesa cuidaram da programação da viagem, mas que o pagamento foi feito por conta própria dos participantes.
Outro lado
A defesa de Zelada afirmou que se tratou de uma viagem de lazer “absolutamente normal” paga por ele. Procurada, a defesa de Duque não comentou. José Orlando não foi localizado.
A defesa de Faerman afirmou que não poderia comentar os fatos porque sua delação premiada atualmente está sob sigilo. A reportagem deixou recado no escritório de Luís Eduardo Barbosa, mas não obteve resposta. (Folhapress)