A Americanas teve seu plano de recuperação homologado pelo juízo da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. Isso abre caminho para que um aporte de R$ 3,5 bilhões a ser feito pelos acionistas de referência da companhia — Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles, Beto Sicupira — seja efetivado em 15 dias, depois da publicação no Diário Oficial. Este valor é equivalente a segunda fatia de um investimento total de R$ 12 bilhões vindo do trio do 3G Capital.
Esses recursos serão utilizados para pagar credores da companhia. Haverá também a divulgação do edital para a realização de um leilão reverso, que terá a adesão de quem estiver disposto a receber seus créditos com largos descontos.
“Não será um caminho fácil, há muita coisa a reconstruir. Mas acredito na força da essência da Americanas e de seus mais de 30 mil funcionários”, frisou Leonardo Coelho, CEO da varejista em teleconferência com analistas de mercado na manhã desta segunda-feira.
O aumento de capital de R$ 24 bilhões — a ser partilhado meio a meio entre os acionistas de referência e por credores que irão converter dívidas em ações da companhia — terá de ser aprovado em assembleia geral de credores. Esta reunião tem de ser convocada até 30 dias após a homologação do plano de recuperação, com previsão de ser realizada em maio, segundo Camille Loyo Faria, diretora financeira da Americanas.
“Criamos um portal para credores para facilitar o processo de adesão, vai para o ar no dia da homologação”, disse a executiva.
Dívida remanescente
Nesse par de semanas, a Americanas deverá também divulgar o edital para a realização de um leilão reverso, com foco em pagar credores dispostos a receber seus créditos com um desconto mínimo de 70%. Virão sucessivas convocações de credores a se inscreverem para receberem seus créditos.
Em 30 dias após a publicação da homologação no Diário Oficial, a Americanas tem de fazer a convocação para a assembleia geral de credores, prevista para ocorrer em maio. Virão então pagamentos a outros grupos de credores.
Com aval da assembleia de credores, o aumento de capital deverá ocorrer em junho, quando será feita também uma emissão de debêntures no valor de R$ 1,87 bilhão, que será a dívida remanescente do processo de reestruturação, explica Camille, considerando todos os pagamentos previstos pelo plano de recuperação judicial.