Segunda-feira, 30 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 24 de abril de 2023
Nos Estados Unidos, a expectativa de vida em 2021 era de 79,1 anos para mulheres e 73,2 anos para homens.
Foto: ReproduçãoDurante anos, a sabedoria convencional dizia que a falta de pesquisas de saúde específicas por sexo prejudicava sobretudo as mulheres e as minorias de gênero. Embora essas preocupações sejam verdadeiras, um olhar mais atento aos dados de longevidade conta uma história mais complicada. Ao longo da vida – desde a infância até a adolescência, meia-idade e velhice –, o risco de morte em todas as idades é maior para meninos e homens do que para meninas e mulheres. O resultado é uma crescente diferença de longevidade entre homens e mulheres. Nos Estados Unidos, a expectativa de vida em 2021 era de 79,1 anos para mulheres e 73,2 anos para homens. Essa diferença de 5,9 anos é a maior lacuna em um quarto de século.
“Os homens têm vantagens em todos os aspectos de nossa sociedade, mas temos piores resultados de saúde para a maioria das coisas que podem matar”, disse Derek Griffith, diretor do Centro de Igualdade em Saúde Masculina no Instituto de Justiça Racial da Universidade de Georgetown. “Costumamos não priorizar a saúde do homem, mas ela precisa de atenção exclusiva e tem implicações para a família. Isso significa que outros membros, incluindo mulheres e crianças, também sofrem.”
A diferença de longevidade entre homens e mulheres é um fenômeno global, embora as diferenças entre os sexos e os dados sobre as idades de maior risco variem em todo o mundo e sejam influenciados por normas culturais, manutenção de registros e fatores geopolíticos, como pobreza, guerras e mudanças climáticas. Mas os dados que analisam os riscos à saúde de meninos e homens nos Estados Unidos mostram um quadro sombrio. Os homens correm mais risco de morrer de covid do que as mulheres, por exemplo, uma diferença que não pode ser explicada pelas taxas de infecção ou pelas condições preexistentes. A taxa de mortalidade ajustada por idade foi de 140 mortes por 100 mil para homens e de 87,7 por 100 mil para mulheres.
Ao ver os homens como padrão privilegiado, os especialistas em saúde estão ignorando importantes diferenças que podem iluminar questões de saúde. “Costumávamos pensar que as mulheres estavam super-utilizando os cuidados de saúde, e os homens os estavam utilizando da maneira correta”, disse Griffith. “O que percebemos foi que as mulheres estavam indo melhor, principalmente em cuidados preventivos, e os homens estavam subutilizando cuidados de saúde.”
Biologia
As razões por trás da diferença de longevidade não são totalmente compreendidas, mas a natureza global da disparidade sugere que a biologia provavelmente tem um papel importante. Por exemplo, altos níveis de testosterona, que podem enfraquecer a resposta imune, talvez sejam um fator que explica por que os homens – e os mamíferos masculinos em geral – são mais vulneráveis a infecções parasitárias. O estrogênio pode explicar por que as mulheres têm taxas mais baixas de doenças cardíacas ao longo da vida – e por que a diferença diminui depois que as mulheres atingem a menopausa.
Comportamento
Os homens também são conhecidos por se envolverem em comportamentos mais arriscados, como uso de drogas e álcool, tabagismo e direção imprudente. Embora as razões por trás dessas tendências não sejam totalmente compreendidas, os riscos comportamentais também são uma razão pela qual a saúde masculina não é estudada, disse Griffith. “É difícil convencer as pessoas de que é problema quando pensamos que só é problema porque os homens não fazem o que deveriam fazer”, disse ele.