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Por Redação O Sul | 1 de dezembro de 2018
Eleito presidente do México em 1º de julho com 53% dos votos, Andrés López Obrador, de 65 anos, tomou posse neste sábado (1º) sucedendo Enrique Peña Nieto, durante sessão do Congresso da União, que reúne deputados e senadores mexicanos.
A sessão, realizada na Câmara dos Deputados do México, começou às 9h07min locais (13h07min em Brasília). O plenário estava dominado de integrantes do Movimento de Regeneração Nacional (Morena), o partido de López Obrador, maioria nas duas casas legislativas.
Houve momentos de tensão quando um grupo de deputados levantou um cartaz que dizia “Maduro, você não é bem-vindo”. A mensagem era uma crítica pelo convite feito por López Obrador ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, para estar na cerimônia de posse.
O protocolo previu que o presidente em fim de mandato, Enrique Peña Nieto, discursasse no Salão de Sessões e transferisse a faixa presidencial para López Obrador. Já empossado, o novo presidente também fez um discurso.
Depois da posse, López Obrador seguiu para o Palácio Nacional, no centro da Cidade do México, para uma reunião fechada com líderes de vários países que participam do evento.
No período da transição de governo, Obrador anunciou um ambicioso plano de infraestrutura e programas sociais para liderar o que batizou de “quarta transformação” do México.
Desafios
Andrés Manuel López Obrador toma posse como novo presidente do México em um momento em que o país se encontra pressionado pela corrupção, pelo crime e pela pobreza. Antes da posse, o presidente prometeu “não governar apenas para os mercados” e aumentar a produção de petróleo no México. No discurso de posse, mencionou a luta contra a corrupção.
Conhecido como AMLO por suas iniciais, ele venceu com conforto nas eleições de julho passado, e sua coalizão, liderada pelo Morena, partido que fundou há quatro anos, obteve ampla maioria no Congresso bicameral.
Uma grande vitória para qualquer presidente, e a primeira para um esquerdista, desde que a alternância democrática se instalou no México em 2000.
AMLO ocupará a cadeira presidencial por seis anos e promete a “transformação” do país, embora até agora tenha dado poucos detalhes do que pretende fazer.
A herança de seu impopular predecessor, Enrique Peña Nieto, inclui uma corrupção endêmica, a crescente violência gerada pelos cartéis mexicanos da droga e a caravana de 6 mil migrantes centro-americanos estacionada na fronteira do México com os Estados Unidos.
Isso sem contar o campo minado que representa a relação com os Estados Unidos sob a presidência de Donald Trump.
López Obrador, de 65 anos, promete lutar contra a corrupção e governar com austeridade. Renunciou à luxuosa residência e ao avião presidencial, assim como à mais da metade de seu salário e ao grande esquema de segurança que protege os governantes mexicanos.
Seus críticos, entretanto, temem que seu governo se volte ao radicalismo e às tendências autoritárias. O empresariado está particularmente nervoso, com a moeda e as ações mexicanas em queda desde a sua eleição.
O ex-prefeito da Cidade do México não perdeu popularidade, com 66% de apoio, segundo uma pesquisa do jornal El Financeiro publicada na última segunda-feira.
“Ainda há uma lua de mel bem romântica, mas há sinais de que seu apoio se pode enfraquecer muito rápido”, disse Duncan Wood, especialista no México do Wilson Center da Washington.
O futuro da segunda economia latino-americana é o que gera maior alerta e nervosismo. AMLO tem tentado tranquilizar os mercados prometendo ser conservador e austero fiscalmente.
O presidente americano ameaçou o governo de Peña Nieto com o pagamento pela construção de um muro fronteiriço e o fez renegociar o Nafta, substituído pelo Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês, ou T-MEC, em espanhol).
Até agora, AMLO e Trump começaram bem. O americano disse que tiveram uma “grande conversa” depois de sua eleição e até o chamou de “Juan Trump”, em um sinal de aprovação ao estilo populista que compartilham e suas vitórias desafiando o sistema.
Trump, contudo, já pressiona López Obrador em relação ao tema migratório, insistindo em um acordo para que migrantes sem documentos que buscam refúgio nos EUA permaneçam no México enquanto suas solicitações são avaliadas.