Luiza Possi encontrou nas reuniões que fazia com De Maria em sua casa a terapia para seguir em paz, durante o período de isolamento social, causado pela Covid-19, que pausou sua agenda de shows durante boa parte do ano. Ela conta que escreveu 24 canções com o cantor e gravou dez delas para o novo álbum, Submersos
“Em um primeiro momento, o isolamento foi desesperador. Eu tinha um ano extremamente promissor no ano passado. Foi um susto, um baque e uma tristeza muito grande, principalmente pelo motivo que a gente teve que ficar confinado em casa. ‘Submersos’ acabou sendo terapêutico. Até minha terapeuta me falava que tinha que encontrar o De Maria uma vez para compor”, conta.
“A gente tinha uma ideia de fazer só uma live a princípio, mas cada vez que a gente se encontrava para ensaiar essa live, saía música nova. Foram muitas música novas. Daí, falei para o Rick Bonadio, ‘acho que a gente está fazendo um disco e não uma live’. E ele falou que eu tinha razão e falou para fazermos 20 música para escolher as dez melhores. Isso se tornou uma meta que me ajudava a passar pela pandemia.”
Enquanto estava começando a divulgar o novo trabalho, Luiza sofreu um outro baque, o pai, Líber Gadelha, testou positivo para o coronavírus, ficou 60 dias em coma e morreu por complicações do vírus em fevereiro deste ano, aos 64 anos.
“O mais difícil foi ter perdido o meu pai para a Covid, depois dele ter sobrevivido a um transplante, um câncer e um infarto. Perder o pai para a Covid é o que mais dói. Depois de 60 dias em coma, realmente foi um baque muito grande. Meu pai chegou a acordar do coma e a gente achou que ele fosse se salvar e não deu”, relembra ela, que foi liberada para visitar o pai no hospital dois dias antes dele morrer.
“Tem uma música que fiz quando o meu pai estava em coma pela primeira vez, quando ele infartou em 2006, que se chama ‘Desenganos’. Eu cantava para ele enquanto ele estava no coma e quando ele acordou, ele lembrava da música. Virou uma música nossa. Desta vez também. Ele chegou a se curar da Covid e me liberaram para visita-lo no hospital mesmo em coma. Eu cantei muito essa música para ele.”
A força para seguir em frente ela encontrou dentro de casa, no amor do marido, Cris Gomes, e do filho, Lucca, de 1 ano e 8 meses.
“Encontrei forças no meu marido, principalmente, e no meu filho, porque eu sabia que tinha a responsabilidade de cuidar deles. O meu luto não podia me tirar de cena porque o Lucca precisa de mim. Mas foi muito dolorido. Eu trabalhei a vida inteira com o meu pai, ele era o meu maior fã e meu melhor amigo. Está sendo ainda muito difícil, mas tenho lido vários livros e me apegado a certeza de que ele está aqui de alguma forma, não na forma física”, conta.