Com a popularidade despencando, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou a acenar de forma mais incisiva a aliados históricos da esquerda raiz. Um dos gestos mais recentes animou o Movimento dos Sem Terra (MST), que agora espera colher frutos dessa relação e pressiona o governo com a retomada de invasões do Abril Vermelho.
Nos últimos dias, o movimento invadiu propriedades em pelo menos cinco estados: Bahia, Espírito Santo, Ceará, Paraná e Rio de Janeiro. E, na quinta-feira (13), publicou em seu site um artigo com o título: “A colheita que queremos do Governo Lula”.
O texto cobra “recursos massivos” para a reforma agrária e deixa claro que os integrantes do movimento não ficarão apenas no diálogo. “Nestes meses de março e abril, estaremos em jornadas de lutas pela Reforma Agrária”, diz a publicação com assinatura de Débora Nunes e Ayala Ferreira, dirigentes nacionais do MST.
No último dia 7, Lula esteve no acampamento Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio (MG). Foi a primeira visita que fez no atual mandato. No local, o petista disse que “tem lado” e não “esquece quem são seus amigos”. Também anunciou que destinará 12.297 lotes para famílias acampadas em 138 assentamentos rurais e prometeu recursos. “Uma vitória importante, mas muito aquém da demanda represada pela Reforma Agrária”, ressalta o texto.
Quatro dias depois da visita, o governo mudou o orçamento de 2025 para incluir R$ 750 milhões em programas que beneficiam integrantes do movimento em duas frentes: para aquisição de alimentos da agricultura familiar e para o Fundo de Terras da Reforma Agrária.
“Já estamos no terceiro mês do terceiro ano de mandato, chamado pelo próprio presidente Lula, como ‘o ano da colheita’. É necessário avançarmos nas desapropriações, e não é possível fazer desapropriações de terra se não houver orçamento ampliado”, destaca o artigo que considera “pífio” os valores para obtenção de terras e compara a atual gestão aos governos Bolsonaro e Temer. “Neste terceiro mandato de Lula, a política de reforma agrária tem se mostrado similar à de seus antecessores: não tem sido tratada como uma prioridade estratégica e estruturante para o país”.
“Faremos nossa parte, lutando contra o latifúndio, com a expectativa de que os próximos anúncios representem a verdadeira colheita que queremos do Governo Lula”, finaliza. As informações são do portal Estadão.