Quando se deu conta de que três importantes medidas provisórias caducariam nesta sexta-feira (2), e sem resistência de deputados que o apoiam, inclusive petistas, o presidente Lula (PT) deixou cair a ficha. Passou a dar ouvidos a velhos companheiros que recomendam freio de arrumação. Começando pela retirada Alexandre Padilha, da articulação que virou desarticulação, substituindo-o por alguém mais experiente e que, leal a Lula, tenha a simpatia dos presidentes da Câmara e Senado.
Cansado de guerra
O problema não é Padilha nem de qualquer outro ministro, como observam políticos experientes, e sim o próprio Lula, cansado de guerra.
Olho no boné
Como Lula tem dificuldade de demitir quem ele gosta, a torcida petista é para Padilha pedir o boné e poupar o presidente de constrangimento.
Segue ministro
Se for consumado seu afastamento, o mais provável é que Alexandre Padilha fique no governo como titular ministro da Secretaria-Geral.
Pedindo licença
Queixam-se os deputados também da falta de orientação para que os ministros comuniquem previamente as visitas que fazem a seus estados.
Tebet pode ‘cair para o lado’: o Meio Ambiente
A ex-senadora Simone Tebet (MDB), atual ministra do Planejamento, voltou a ser mencionada no Palácio do Planalto para ocupar o lugar de Marina Silva, cuja saída do Ministério do Meio Ambiente tem sido dada como inevitável, após reagir mal ao esvaziamento da pasta após a Câmara alterar a MP da Esplanada. Tebet chegou a ser oferecer para o Ministério no Meio Ambiente e Lula gostava da ideia. Mas Marina, à época, bateu o pé e não aceitou nada além do cargo que ocupa agora.
Isolada
Antes de perder poder, Marina rompeu com o líder do governo, senador Randolfe Rodrigues, que abandonou o Rede e deve ir para o PT.
Escanteio
Lula também esvaziou atribuições do Planejamento antes de entregá-lo a Tebet, que, sem Meio Ambiente, preferia Desenvolvimento Social.
Jogo de cadeiras
Ao contrário de Marina, Simone “cisca para dentro” do governo e não torna pública eventual insatisfação interna. Ganhou pontos no Planalto.
Governo minoritário
Os cálculos do presidente Lula são ainda mais pessimistas que a estimativa dos líderes. Ele disse em São Paulo que só há 136 deputados “de esquerda”, quase um quarto do total. Os líderes contam em 144.
Sabe de nada
Apesar de o Senado de Rodrigo Pacheco (PSD-MG) insistir que a maioria da população seria “a favor da regulação das redes sociais”, pesquisa no site do próprio Senado, no e-Cidadania, aponta que mais de 424 mil pessoas (55%) rejeitam o projeto da censura (PL 2630/20).
Direito de escolha
O ex-presidente Jair Bolsonaro evitou criticar a indicação de Lula (PT) do advogado Cristiano Zanin para vaga no Supremo Tribunal Federal. Disse apenas que “a indicação é de competência privativa do presidente”.
Relação estremecida
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), deixou clara a insatisfação do Legislativo e avisou: “não haverá nenhum tipo de sacrifício dos parlamentares” pelo governo Lula (PT) no futuro.
Segundo cérebro
O deputado José Medeiros (PL-MT) ironizou, no Twitter: “só após descobrir recentemente que o intestino é uma espécie de segundo cérebro é que passei a compreender gente como o milionário do Psol”.
Outro, não
Marcos do Val (Pode-ES) quer o Senado barrando o nome de Cristiano Zanin, amigo e advogado de Lula, para o STF: “Já basta o ministro Alexandre de Moraes seguindo com suas ações inconstitucionais”.
Ato em Curitiba
Eleito deputado federal mais bem votado do Paraná, com 344 mil votos, Deltan Dallagnol realiza ato contra decisão da Justiça Eleitoral que cassou o mandato. Será neste domingo (4), em Curitiba (PR).
Massacre em Tiananmen
Em 4 de junho de 1989, há exatos 34 anos, o mundo assistia estarrecido à violenta repressão da ditadura chinesa aos protestos na Praça da Paz Celestial, em Pequim, gerou o massacre que matou centenas.
Pensando bem…
…não há bolso que aguente o arcabouço.
PODER SEM PUDOR
Vigilância cidadã
Eleito presidente da CPI dos Correios, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) pôde constatar nas ruas que a opinião pública não aceitaria investigações de meia-tigela. Ele saía de um almoço no restaurante “Le Français”, em Brasília, quando foi reconhecido pelo motorista de uma van escolar: “Senador, vê lá, hein?”, gritou o homem, “para não acabar em marmelada!” Delcídio foi simpático, sorriu e fez sinal de “joinha” para o vigilante cidadão. A CPI quase custou o mandato do então presidente Lula.
(Com a colaboração de Rodrigo Vilela e Tiago Vasconcelos)