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Lula afirma que o acordo entre Mercosul e União Europeia é “moderno e equilibrado”

As negociações se estenderam por mais de 30 anos. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou nessa sexta-feira (6) em Montevidéu, capital do Uruguai, a celebração do acordo comercial entre Mercosul e a União Europeia. Lula discursou na reunião de Cúpula do Mercosul, onde o acordo foi assinado pelos presidentes do bloco sul-americano e pela presidente do Conselho Europeu, Ursula von der Leyen.

“Estamos criando uma das maiores áreas de livre comércio do mundo, reunindo mais de 700 milhões de pessoas. Nossas economias juntas representam um PIB de 22 trilhões de dólares”, disse Lula.

“O acordo que finalizamos hoje é bem diferente daquele anunciado em 2019. As condições que herdamos eram inaceitáveis. Foi preciso incorporar ao acordo temas de relevância para o Mercosul. Conseguimos preservar nossos interesses em compras governamentais, o que nos permitirá implementar políticas públicas em áreas como saúde, agricultura familiar, ciência e tecnologia”, declarou Lula.

Lula e os presidentes Javier Milei (Argentina), Santiago Peña (Paraguai), Luis Alberto Lacalle Pou (Uruguai) e Luis Arce (Bolívia) se reuniram nesta sexta tendo o acordo como item principal da pauta. As negociações se estenderam por mais de 30 anos, e a conclusão do acordo foi colocada como prioridade pelo governo Lula desde 2023.

“Após dois anos de intensas tratativas, temos hoje um texto moderno e equilibrado que reconhece as credenciais ambientais do Mercosul e reforça nosso compromisso com o Acordo de Paris. A realidade geopolítica e econômica global mostra que a integração fortalece nossas sociedades, moderniza nossas estruturas produtivas e promove nossa inserção mais competitiva no mundo”, declarou Lula.

Lula aproveitou o discurso para fazer uma referência indireta à crise aberta com a França, no fim de novembro, após a rede de supermercados Carrefour anunciar que deixaria de importar carne do Mercosul e criticar a qualidade dos produtos. A empresa acabou voltando atrás.

“Nossa pujança agrícola e pecuária nos torna garantes da segurança alimentar de vários países do mundo, atendendo a rigorosos padrões sanitários e ambientais. Não aceitaremos que tentem difamar a reconhecida qualidade e segurança de nossos produtos. O Mercosul é um exemplo de que é possível conciliar desenvolvimento econômico com responsabilidade ambiental”, disse Lula.

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), comemorou o fechamento dos termos do acordo.

“É o maior acordo entre povos de todo o mundo. Quero também destacar o grande significado disso em um mundo fragmentado e polarizado. Isso é prova de diálogo. Quero destacar também a liderança do presidente Lula. Se ele não fosse presidente do Brasil, dificilmente esse acordo teria saído”, afirmou.

Segundo o vice-presidente, quando todo o acordo já estiver em vigor com a área de livre comércio funcionando, os estudos mostram que as exportações para a União Europeia poderiam crescer na 6,7% agricultura, 14,8% nos serviços e 26,6% na indústria de transformação.

O vice-presidente afirmou que não acredita que o resultado da eleição nos Estados Unidos, onde o protecionista Donald Trump foi eleito, acelerou a celebração do acordo.

Questionado se o acordo pressiona países como a França, envolvida em polêmica após uma rede de supermercados do país anunciar que não compraria mais carne do Mercosul, o vice-presidente disse que espera que essa tensão termine e que o acordo é benéfico para sul-americanos e europeus.

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que só vai se manifestar sobre o acordo entre o Mercosul e a União Europeia após observar os termos do tratado.

“Vamos observar os termos. Eles tiveram 20 anos para votar. Vamos ver se será bom para nós também”, disse.
No fim de novembro, o presidente da Câmara criticou duramente a decisão da rede francesa de supermercados Carrefour pela interrupção de compra de carne bovina do Brasil e do Mercosul.

A entrada em vigor das novas regras, no entanto, ainda depende de um longo processo que inclui a revisão legal dos documentos, a tradução para as línguas oficiais dos países envolvidos e a ratificação – por cada país, no caso do Mercosul, e pelo Parlamento Europeu representando a União Europeia.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, participa da cúpula como convidada. Foi ela quem assinou a conclusão das negociações em nome do continente europeu.

“Nossa agenda externa está reposicionando o Mercosul no comércio internacional. Concluímos o acordo com Singapura, primeiro com país asiático. Hoje fechamos com o Panamá. Com os Emirados Árabes Unidos as negociações estão avançando rapidamente, sendo possível fechar ainda em 2025”, listou Lula.

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