O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que houve um “pacto” durante os ataques de 12 de dezembro de 2022, em Brasília, entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e as polícias.
Naqueles atos, manifestantes de extrema-direita queimaram veículos e tentaram invadir a sede da Polícia Federal, na data da diplomação de Lula no Tribunal Superior Eleitoral. Segundo Lula, a polícia acompanhava os atos “sem fazer nada”.
“Tinha havido aquela atuação canalha que envolveu, inclusive, gente de Brasília, quando tacaram fogo em ônibus, no dia em que fui diplomado. Eu estava no hotel assistindo a eles queimando ônibus, carros, e a polícia acompanhando sem fazer nada”, disse.
“Havia, na verdade, um pacto entre o ex-presidente da República, o governador de Brasília e a polícia, tanto a do Exército quanto a do DF. Isso havia. Inclusive, com policiais federais participando. Ou seja, aquilo não poderia acontecer se o Estado não quisesse que acontecesse”, declarou Lula.
Sete integrantes da Polícia Militar do Distrito Federal estão presos preventivamente sob denúncias da Procuradoria-Geral da República e investigações.
Falha da Defesa
O presidente também afirmou que não recebeu as informações corretas do ministro da Defesa, José Múcio, sobre o risco de ataques golpistas e disse que não imaginava as invasões nos Três Poderes, no 8 de janeiro de 2023. Lula afirmou que imaginava uma tentativa de golpe durante sua posse, em 1º de janeiro, o que não aconteceu.
Ele relatou seu incômodo com os acampamentos montados por bolsonaristas radicais em frente a quarteis e disse que antes de viajar para Araraquara (SP) no dia 8 de janeiro, conversou com o ministro da Defesa e não foi informado sobre a possibilidade de ataques.
“Antes de viajar para São Paulo, conversei com o ministro Múcio, ele disse que estava tranquilo, que as pessoas iam sair. Viajei tranquilo. Não me passava pela cabeça que eu ia ser pego de surpresa com aquela manifestação”, disse Lula em entrevista.
“Sinceramente, não tive as informações corretas que tinha possibilidade de acontecer aquilo. Tinha informação de que acampamentos estavam acabando, mas depois tive informação que, no sábado, começou a chegar gente de ônibus nos acampamentos. Não imaginei que pudessem chegar à invasão.”
O presidente disse que é preciso levar “muito a sério” a democracia e afirmou que nunca tinha vivido uma situação parecida, mesmo durante a ditadura militar.