Segunda-feira, 27 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 26 de janeiro de 2025
O chapéu branco modelo Panamá que passou a usar para esconder os curativos vai ficar de lado a partir de agora, disse Luiz Inácio Lula da Silva em reunião com os ministros, na segunda-feira da semana passada, ao se declarar “totalmente recuperado”. No mesmo encontro, no entanto, o presidente afirmou que não definiu ainda se vai concorrer à reeleição em 2026, que chegar bem até lá dependia de Deus e que gostaria de ter saúde para fazer o sucessor.
A ponderação acentuou a impressão que auxiliares já vinham colhendo em conversas reservadas com Lula: a disposição para o cotidiano árduo da política está distante da exibida nos mandatos anteriores. Nas últimas semanas, o jornal O Globo ouviu ministros e demais assessores presidenciais sobre como o petista tem se comportado a portas fechadas, especialmente depois do acidente doméstico que o levou a fazer uma cirurgia às pressas em dezembro para conter uma hemorragia na cabeça.
Todos são unânimes em dizer que a saúde do presidente, que tem 79 anos, está em dia e que ele tem adotado uma rotina rigorosa de cuidados pessoais, auxiliado pela primeira-dama Janja. Mas quem convive com Lula no dia a dia do governo reconhece que ele tem se tornado um político menos disponível e, por vezes, mais impaciente em reuniões. O mandatário não faz, por exemplo, encontros aos finais de semana como costumava realizar nas gestões passadas, não dedica tanto tempo para conversas com parlamentares nem gosta de ser incomodado tarde da noite. Segundo um ministro, o petista já deixou claro que quer o sábado e o domingo “para ele” sempre que possível — o que não o impede de telefonar a ministros quando julga necessário.
No início do governo, Lula passou a fazer reuniões no começo da noite no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência. Após o acidente, esses encontros ficaram mais escassos. De um lado, o presidente demonstra vontade de ter mais tempo livre. Do outro, tem a necessidade de descansar mais para aguentar compromissos muitas vezes exaustivos durante a semana ou em viagens, que, por ora, estão suspensas.
Essa dinâmica acaba se refletindo na agenda do presidente que, não raramente, sofre alterações em cima da hora para não tornar a rotina extenuante. Assuntos mais áridos são tratados no início do expediente, quando Lula se sente mais disposto. Procurada, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) não comentou.
Em conversas com ministros, o presidente ainda rememora como ficou impressionado com o fato de ter sido operado às pressas em São Paulo, em 10 de dezembro. Naquele dia, Lula passou mal enquanto despachava no Palácio do Planalto e, após fazer um exame de imagem na cabeça, constatou uma hemorragia intracraniana. Diante da gravidade da situação, foi transferido na madrugada para a unidade de São Paulo do Hospital Sírio-Libanês, onde realizou uma cirurgia sem intercorrência. Em entrevista, o médico Roberto Kalil, um dos responsáveis pelo tratamento do petista, disse que “corria o risco de acontecer o pior”.
Após receber alta, Lula foi liberado pelos médicos para exercer todas as atividades que cabem à Presidência. Mas o petista tem dado sinais de que, para tentar a reeleição, terá que avaliar o seu estado de saúde em 2026.
“Tenho certeza que o presidente Lula chegará com saúde e apetite em 2026 para defender o nosso governo. A melhor forma de fazê-lo é ser candidato à reeleição”, minimiza o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha.
Outro episódio que marcou Lula e tem sido repetido por ele em diferentes momentos foi a pane na aeronave que o trazia do México para o Brasil, em outubro do ano passado. Devido ao problema técnico, o avião oficial precisou ficar por horas dando voltas no ar e gastando combustível para poder aterrissar. O incidente deixou Lula incomodado. O ocorrido foi relembrado na reunião ministerial na semana passada como um momento de adversidade vivido pelo petista. As informações são do jornal O Globo.