Quinta-feira, 17 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 11 de abril de 2025
Os líderes manifestaram, ainda, a determinação de trabalhar juntos pela finalização do acordo Mercosul-União Europeia
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência BrasilO presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou, nesta sexta-feira (11), apoio e solidariedade à Dinamarca na questão da anexação da Groenlândia pelo Estados Unidos. O presidente americano, Donald Trump, declara reiteradamente o desejo de anexar o território autônomo dinamarquês no Ártico ao país norte-americano.
Lula recebeu telefonema da primeira-ministra da Dinamarca, Mette Frederiksen, com quem conversou sobre o contexto geopolítico atual e outros temas de interesse dos dois países.
Sobre a Groenlândia, a Dinamarca já reafirmou que o território não está aberto à anexação e líderes regionais já denunciaram a “interferência estrangeira”.
Em meados de março, Trump afirmou que a anexação pelos Estados Unidos acabará por acontecer para promover a segurança internacional.
O território autônomo procura obter a soberania, mas continua financeiramente dependente da Dinamarca. Embora todos os principais partidos da Groenlândia sejam favoráveis à independência do território a mais ou menos longo prazo, nenhum deles apoia a ideia de uma ligação aos Estados Unidos.
A ilha ártica, com 2 milhões de quilômetros quadrados, 80% dos quais cobertos de gelo, tem população de apenas 56 mil habitantes. A região é importante do ponto de vista geoestratégico. Os Estados Unidos mantêm uma base militar no norte da ilha, como parte de um amplo acordo de defesa assinado em 1951 entre Copenhague e Washington.
Além da localização estratégica no Ártico, a Groenlândia é cobiçada por seus recursos naturais, embora a prospecção de petróleo e a extração de urânio sejam proibidas.
Outro assunto do telefonema entre Lula e Frederiksen foram as alterações tarifárias em curso no cenário internacional, iniciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
“Ambos concordaram com a importância da defesa dos princípios do multilateralismo, especialmente no que diz respeito ao livre comércio”, diz nota da Presidência.
Na conversa, que durou cerca de 40 minutos, os líderes manifestaram a determinação de trabalhar juntos pela finalização do acordo comercial Mercosul-União Europeia, negociado há mais de 20 anos.
No segundo semestre, o Brasil estará na presidência do bloco sul-americano e a Dinamarca na presidência rotativa do Conselho da União Europeia.
O presidente Lula reforçou, ainda, o convite para que a primeira-ministra dinamarquesa visite o Brasil no segundo semestre, tanto para participar da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em novembro, em Belém, quanto da Cúpula Brasil-União Europeia, cuja data ainda será definida.
Demissão
O governo americano demitiu a comandante de uma base da Força Espacial dos EUA na Groenlândia após uma visita do vice-presidente norte-americano, JD Vance, ao local e disse que não tolerará ações que “subvertam” a agenda de Donald Trump.
O Pentágono não especificou o que exatamente a coronel Susan Myers fez, mas sua demissão, divulgada na quinta-feira, ocorreu após a publicação de um email que ela escreveu questionando as afirmações de Vance durante sua visita à base no mês passado.
Vance acusou a Dinamarca de não proteger a Groenlândia de “incursões muito agressivas da Rússia, da China e de outras nações”, sem detalhar a suposta agressão.
“Não tenho a pretensão de entender a política atual, mas o que sei é que as preocupações da administração dos EUA discutidas pelo vice-presidente Vance na sexta-feira não refletem a Base Espacial Pituffik”, escreveu Myers, de acordo com o site de notícias military.com.
Trump tem dito com frequência que os Estados Unidos têm como imperativo de segurança adquirir a ilha, que é controlada pela Dinamarca desde 1721.
O Pentágono disse que ela foi demitida devido a uma perda de confiança. Sean Parnell, porta-voz do Pentágono, escreveu no X: “Ações para minar a cadeia de comando ou para subverter a agenda do presidente Trump não serão toleradas no Departamento de Defesa”.