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Brasil Em discurso, Lula ataca a Operação Lava-Jato e diz não ser pombo-correio para usar tornozeleira eletrônica

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Lula foi condenado em primeira instância a 12 anos e 11 meses de prisão nesse processo.

Em discurso diante de milhares de pessoas no início da noite deste domingo (17) no Recife, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que jamais aceitaria usar tornozeleira eletrônica para progredir do regime fechado para o semiaberto, o que foi sugerido pelo MPF (Ministério Público Federal).

“Primeiro eu disse para eles que a minha casa não é uma prisão. A minha casa é meu lugar de liberdade. Segundo que a minha canela não é canela de pombo e eu não sou pombo-correio para colocar tornozeleira”, disse o petista.

Em setembro, a Procuradoria em Curitiba havia solicitado à Justiça que o ex-presidente passasse a cumprir o restante da pena no semiaberto, uma vez que ele atendia aos requisitos necessários para isso (ter cumprido um sexto da pena e ter bom comportamento).

Em outros casos da Lava-Jato, ao progredir de regime, os presos passaram a cumprir pena em casa e a usar tornozeleira eletrônica, o que o ex-presidente rejeitou. À época, Lula afirmou que não ia barganhar sua liberdade e pediu à Justiça o direito de recusar a progressão. Sua soltura, contudo, veio antes de uma decisão final do Judiciário sobre a questão.

“Não aceito negociação. Eu quero a minha inocência, eu não quero privilégio. Eu quero que julguem o meu processo arrumem prova para dizer quem é quadrilha nesse país”, disse o ex-presidente neste domingo, em uma referência à possível suspeição do ex-juiz Sérgio Moro, hoje ministro da Justiça, que pode analisada neste ano pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Se o Supremo votar pela suspeição de Moro, a condenação do ex-presidente no caso do triplex de Guarujá (SP), que o levou à cadeia, pode ser anulada.

“Agora a campanha Lula Livre tem que se transformar em uma coisa muito maior, porque o que nós queremos é a anulação da safadeza dos processos contra nós. Apresentem provas contra mim e me condenem, e eu não virei mais fazer discurso para vocês”, disse. “Quero a anulação da safadeza e dos processos contra nós. Apresentem as provas. Adoraria estar com Moro e Dallagnol para discutir quem é safado nesse país.”

Após 580 dias preso na Polícia Federal em Curitiba, Lula foi solto no início de novembro, beneficiado por um novo entendimento do STF segundo o qual a prisão de condenados somente deve ocorrer após o fim de todos os recursos.

O petista, porém, segue enquadrado na Lei da Ficha Limpa, impedido de disputar eleições, justamente pela condenação no caso triplex.

No Recife, seu primeiro ato de rua no Nordeste desde sua soltura, Lula voltou a atacar Moro, o procurador Deltan Dallagnol e o presidente Jair Bolsonaro. O petista declarou que vai dedicar cada minuto de sua liberdade para libertar o Brasil “dessa quadrilha de miliciano que toma conta desse país”.

“Eles estão destruindo o país em nome do quê?”, afirmou. “Eles estão fomentando a milícia em nome do que neste país?”

Ao apresentar a namorada, Rosângela Silva, a multidão começou a gritar “beija, beija”. Ele disse que tinha vergonha, mas beijou a socióloga.

“A conheci em um jogo em que eu e Chico Buarque jogamos do mesmo lado. Nada é capaz de derrotar o amor. Pretendo casar e viver com ela.”

Lula voltou a dizer que é uma ideia, metáfora que usou em discurso no sindicato dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP) no dia em que se entregou à Polícia, em abril do ano passado.

“A luta não acabou. Não há como acabar uma luta porque queremos mais. Quando resolvi me entregar, falei que eu não sou o Lula, eu sou um ideia assumida pelo povo. Na democracia, o show não para.”

O evento teve início às 12h. Mais de 50 artistas se apresentaram no palco montado na praça Nossa Senhora do Carmo, no centro do Recife, local histórico de encontros da esquerda recifense.

Entre um show e outro, os apoiadores do ex-presidente entoavam em coro músicas que embalaram campanhas eleitorais do petista. Gritos contra o presidente Bolsonaro se repetiam nos intervalos.

A Polícia Militar não informou a estimativa oficial de público. No microfone, o apresentador do evento falava em 200 mil pessoas.

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