O presidente Lula e o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se encontraram na Casa Branca, residência oficial do governo norte-americano, no fim da tarde desta sexta-feira (10), no horário de Washington (duas horas a menos que Brasília).
“Nós agora temos alguns problemas para trabalharmos juntos”, afirmou Lula para Biden. “Primeiro, nunca mais permitir que haja um novo capítulo do Capitólio. E que nunca mais haja o que aconteceu no Brasil, com a invasão do Congresso Nacional, do palácio do Presidente e da Suprema Corte.”, disse o presidente brasileiro após o encontro.
Lula disse também que acha que os Estados Unidos vão participar do Fundo Amazônia. Lula falou com a imprensa na frente da Casa Branca, residência oficial do governo norte-americano. Ele foi questionado se os Estados Unidos vão aderir ao fundo, que hoje conta com financiamento da Alemanha e da Noruega para preservação da Amazônia. “Acho que vão”, respondeu Lula.
“Não só acho que vão, como é necessário que participem, porque veja: o Brasil não quer transformar a Amazônia em um santuário da humanidade, mas também o Brasil não quer abrir mão de que a Amazônia é um território do qual o Brasil é soberano”, completou o presidente.
Expectativa pelo anúncio
Antes da reunião, havia uma expectativa de que o resultado do encontro entre os dois presidentes fosse o anúncio dos EUA de que entrariam para o Fundo Amazônia. Lula disse que não conversou especificamente sobre o Fundo Amazônia com Biden. Mas disse que discutiu a necessidade de países ricos financiarem ações de preservação do meio ambiente em países em desenvolvimento.
“Não discuti especificamente o Fundo Amazônia. Eu discuti a necessidade dos países ricos assumirem a responsabilidade de financiar todos os países que têm florestas. Só na América do Sul, além do Brasil, temos Equador, temos a Colômbia, temos Peru, temos Venezuela, temos as Guianas, temos vários países que temos que cuidar”, relatou o presidente brasileiro.
Mudanças climáticas
Em seguida, Lula falou da necessidade de preservar a Amazônia. “Cuidar da Amazônia hoje é cuidar do planeta Terra. E cuidar do planeta Terra é cuidar da nossa sobrevivência. Por isso, todos nós temos a obrigação de deixar para os nossos filhos e netos um mundo melhor do que o recebemos dos nossos pais”, disse Lula.
O presidente brasileiro ainda propôs a construção de uma aliança contra o aquecimento global. “Vamos levar muito a sério essa questão do clima. E lhe digo mais uma coisa, presidente, é preciso que a gente estabeleça uma nova conversa para construir uma governança mundial mais forte, porque a questão climática, se não tiver uma governança global forte, que tome decisões que todos os países sejam obrigados a cumprir, não vai dar certo”, completou.
Defesa da democracia e preservação do meio ambiente são duas causas importantes para os dois presidentes e dois dos principais pontos de concordância entre eles.
Desigualdade racial
Lula também mencionou que os dois países devem se unir no combate à desigualdade racial.
“A questão racial que, de vez em quando, eu vejo ela sendo praticada em todos os países, nos Estados Unidos e no Brasil. E, sobretudo, a periferia jovem, os jovens negros da periferia, são vítimas, muitas vezes, da incapacidade do Estado, porque a violência que existe na periferia é a ausência do Estado com políticas públicas para garantir sonhos à juventude”.
Guerra na Ucrânia
Lula também afirmou que um dos temas da conversa com Biden foi a guerra na Ucrânia. Ele disse que propôs a criação de um grupo de países para buscar a paz.
“Falei com o presidente Biden o que eu já tinha falado com Macron [presidente da França]. Sobre a necessidade de se criar um grupo de países que não estão envolvidos diretamente ou indiretamente na guerra da Rússia contra a Ucrânia para que a gente encontre possibilidade de fazer a paz”, afirmou Lula.
“Estou convencido de que é preciso encontrar uma saída para colocar fim a essa guerra. Senti da parte do presidente Biden essa mesma preocupação”, completou.
Fala de Biden
No momento de sua fala que foi registrado pela imprensa, Biden reafirmou apoio à democracia brasileira e lembrou que os dois países são as duas maiores democracias do hemisfério ocidental. “Nós somos as duas maiores democracias do hemisfério. Brasil e Estados Unidos estão juntos rejeitando a violência política e defendendo os valores das nossas instituições democráticas”, disse o presidente norte-americano.
“Nossas democracia foram testadas recentemente, muito testadas. Nossas instituições estiveram em perigo, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. A democracia prevaleceu. Quando nos falamos em janeiro, eu afirmei meu compromisso com nossa relação. E quando a gente falou sobre nossa agenda em comum, soam bem similares”, completou Biden.
O presidente norte-americano citou ainda os valores partilhados por Brasil e Estados Unidos. “Acredito que nós devemos continuar a defender juntos os valores democráticos que constituem o núcleo da nossa força. Não só no nosso hemisfério, mas no mundo. Valores como direitos humanos e Estado de Direito. São valores que nos prezamos”, completou Biden.
Joe Biden também ressaltou o combate ao aquecimento global. “Nossos valores compartilhados e os fortes laços entre os nossos povos tornam o Brasil e os EUA parceiros naturais para enfrentarem os grandes desafios atuais, globais, mas especialmente a mudança climática”, disse.
Por fim, Biden agradeceu Lula pela parceria. “Presidente, obrigado pelo seu empenho em avançar a nossa parceria. Este é um momento importante para os nossos países e acredito que para o mundo inteiro. Eu pessoalmente espero com otimismo poder trabalhar com o senhor. Obrigado pela sua presença”, concluiu o presidente norte-americano.