Enquanto extremistas invadiam o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Palácio do Planalto no domingo (8), figuras da cúpula do governo federal e do governo do Distrito Federal (DF) ficaram em evidência por suas ações (ou aparentes omissões) diante dos atos de vandalismo e depredação nas sedes dos Três Poderes.
Entre os nomes mais destacados que agiram ou se pronunciaram sobre o ato estão o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Justiça, Flávio Dino, o ministro do STF Alexandre de Moraes, o governador ― agora afastado ― do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e o secretário de Justiça do DF, Anderson Torres, afastado do cargo ainda no domingo.
Entenda onde estavam e o que fizeram cada um deles:
Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não estava em Brasília quando os radicais tomaram o controle das sedes dos Três Poderes. No momento da invasão, ele cumpria agenda oficial em Araraquara, no interior paulista, para acompanhar os danos causados pelas chuvas na região, segundo informações do Palácio do Planalto.
Horas após o início do ato terrorista, Lula fez um pronunciamento ainda em Araraquara, anunciando a assinatura de um decreto autorizando uma intervenção federal na segurança pública do DF até 31 de janeiro. Na mesma entrevista, o chefe do Executivo nomeou como interventor o atual secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Capelli, considerado o braço-direito do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino.
O presidente retornou a Brasília ainda na noite de domingo, onde se encontrou com ministros de seu gabinete enquanto acompanhava a vistoria dos danos provocados pelos extremistas ao Palácio do Planalto. Na sequência, ele se encontrou com a presidente do STF, a ministra Rosa Weber, e o ministro Luís Roberto Barroso em frente ao prédio da Corte.
No dia seguinte, o presidente recebeu o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e os ministros do STF Luís Roberto Barroso e Rosa Weber para uma reunião sobre os atos, e também se encontrou o com ministro da Defesa, José Múcio Monteiro e com os chefes das Forças Armadas: general Júlio Cesar de Arruda, comandante do Exército; almirante Marcos Sampaio Olsen, comandante da Marinha; e tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno, comandante da Aeronáutica.
À noite, Lula recebeu governadores dos Estados da Federação para tratar dos atos antidemocráticos e participou de um ato simbólico na Praça dos Três Poderes ao lado de lideranças políticas que se posicionaram contra os ataques em Brasília.
Jair Bolsonaro
Nos EUA desde o final do ano passado, o ex-presidente Jair Bolsonaro se manifestou pela primeira vez sobre os atos em Brasília mais de seis horas após os extremistas furarem o bloqueio policial, sem resistência, e descerem o Eixo Monumental em direção às sedes dos Três Poderes.
Em uma publicação nas redes sociais, Bolsonaro afirmou que atos como os ocorridos “fogem à regra”. “Manifestações pacíficas, na forma da lei, fazem parte da democracia. Contudo, depredações e invasões de prédios públicos como ocorridos no dia de hoje, assim como os praticados pela esquerda em 2013 e 2017, fogem à regra. Ao longo do meu mandato, sempre estive dentro das quatro linhas da Constituição respeitando e defendendo as leis, a democracia, a transparência e a nossa sagrada liberdade”, afirmou o ex-presidente em duas postagens no Twitter.
Ibaneis Rocha
Ibaneis Rocha (MDB) começou o domingo como governador do DF e foi afastado do cargo antes do amanhecer da segunda. Principal responsável pela segurança pública em Brasília, Rocha foi duramente atacado por integrantes do governo por supostamente ter sido omisso e permitido que os atos golpistas chegassem ao ponto que chegaram.
De acordo com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, ele e Ibaneis conversaram na véspera do ataque à Esplanada dos Ministérios sobre reforçar a segurança diante dos atos previstos para o domingo. O próprio governador, após os ataques, afirmou que seu governo monitorava a chegada dos extremistas a Brasília desde a tarde de sábado (7), mas não acreditava “que essas manifestações tomariam as proporções que tomaram”.
Em uma publicação no Twitter, o governador disse monitorar as manifestações e estar tomando “todas as providências para conter a baderna antidemocrática na Esplanada dos Ministérios”. Em outra postagem anexa, ele também anunciou a exoneração do Secretário de Segurança do DF, Anderson Torres, e disse ter colocado todo o efetivo das forças de segurança nas ruas, com determinação de prender e punir os responsáveis pelos atos de vandalismo.
Ainda no domingo, o governador foi afastado do cargo por 90 dias após uma decisão do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Alexandre de Moraes
Após determinar o afastamento de Ibaneis Rocha (MDB) do cargo de governador do DF, o ministro do STF Alexandre de Moraes ganhou notoriedade entre as figuras políticas que tiveram um papel relevante no contexto dos atos violentos de domingo.
Na decisão, Moraes afirmou que “diversos e fortíssimos indícios apontam graves falhas na atuação dos órgãos de segurança pública do Distrito Federal, pelos quais é o responsável direto o governador”.
O ministro apontou haver indícios de ao menos oito crimes durante os atos em Brasília – atos terroristas, inclusive preparatórios; associação criminosa; abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de Estado; ameaça; perseguição; incitação ao crime; e dano ao patrimônio público.