O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que cada ministro entregue à Casa Civil uma lista com sugestões de ações prioritárias para serem iniciadas nos primeiros cem dias de governo. O ministro-chefe da pasta, Rui Costa, afirmou que o objetivo é divulgá-las até o final do mês.
“Já a partir da terça-feira [10], nós da Casa Civil visitaremos cada ministério e recepcionaremos cada ministro e ministra para receber as sugestões de prioridade e das ações que podem e devem ser tratadas como meta dos cem dias de governo”, afirmou Costa em declaração à imprensa.
O levantamento apontará programas, ações e as obras que podem ser iniciadas imediatamente. Ele afirmou ainda que o governo quer retomar obras inacabadas de creches e escolas e conclui-las no primeiro semestre.
“Iremos priorizar essas ações e, portanto, dar uma retomada de programas como o ‘Minha Casa, Minha Vida’, ações concretas da educação. Vamos hierarquizar pelo maior percentual de execução para o menor fazer entregas o mais rápido possível.”
Ainda de acordo com o ministro, Lula visitará dois Estados até o fim de janeiro para inaugurar ou dar início a ações do governo. Os locais e as agendas, no entanto, ainda não estão definidos. O presidente quer que essas viagens aconteçam antes da sua ida à Argentina, marcada para o dia 23 de janeiro.
“Já em janeiro ele quer fazer, antes da Argentina, duas viagens a Estados para já inaugurar ou dar inicio a programas e compromisso seus, seja educacional, habitacional, em saúde.”
Reunião ministerial
Lula realizou nessa sexta-feira (6) a primeira reunião com seus 37 ministros no Palácio do Planalto. Em sua fala inicial, o mandatário enfatizou a importância de manter uma relação harmônica com o Congresso e deu um recado dúbio ao dizer que quem fizer algo errado “será convidado a deixar governo”, mas prometeu “não deixar ninguém na estrada”.
“Quem fizer errado, sabe que só tem um jeito: a pessoa será simplesmente, da forma mais educada possível, convidada a deixar o governo. E se cometeu algo grave, a pessoa terá que se colocar diante das investigações e da própria justiça”, disse, acrescentando: “estejam certos que eu estarei apoiando cada um de vocês nos momentos bons e nos momentos ruins. Não deixarei nenhum de vocês no meio da estrada. Não deixarei nenhum de vocês.”
A declaração do presidente Lula ocorre em meio ao desgaste político do governo provocado pelas relações da ministra do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil), com integrantes de milícias no Rio de Janeiro.
Em sua fala inicial, o mandatário deixou claro que a escolha de membros da sua equipe é fruto de acordos políticos e que conta com cada um para o governo manter uma relação harmônica com o Congresso.
“Muitos de vocês são resultado de acordos políticos, porque não adianta a gente ter o governo tecnicamente formado em Harvard e não ter o voto na Câmara dos Deputados e não ter o voto do Senado”, disse, complementando: “nós temos que saber que nós é que precisamos ter uma boa relação o Congresso e cada um de vocês, ministros, tem a obrigação de manter a mais harmônica relação com o Congresso Nacional. Não tem importância que você divirja de um deputado ou senador, quando a gente vai conversar, você não está propondo casamento, mas a gente está propondo aprovar um projeto ou fazer uma aliança momentânea em torno de um assunto que interessa ao povo brasileiro.”
Pregando a harmonia entre os poderes, Lula defendeu o diálogo:
“É preciso que a gente saiba que é o Congresso que nos ajuda. Nós não mandamos no Congresso, nós dependemos do Congresso e, por isso, cada ministro tem que ter a paciência e a grandeza de atender bem cada deputado ou senador que o buscar porque se não quando a gente vai pedir um voto, ele diz: ‘ah, não vou votar porque quando estive no tal ministério nem me receberam, deram chá de cadeira de quatro horas, o ministro nem serviu cafezinho ou uma água’. Não quero isso.”