Domingo, 05 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 20 de julho de 2023
Após repercussão negativa entre sua base eleitoral, o governo Luiz Inácio Lula da Silva deve abandonar a ideia de demitir ministras mulheres como forma de abrir espaço para o Centrão, grupo político ligado ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que negocia sua adesão à gestão petista.
Na prática, o Palácio do Planalto pode preservar do “corte” nomes como Ana Moser (Esportes) e Luciana Santos (Ciência e Tecnologia), ministras que estavam sendo alvo de especulações por terem suas pastas cobiçadas no Parlamento. Segundo interlocutores, caso os ministérios dirigidos por elas continuem sendo requisitados, o governo deve remanejá-las para que nenhuma fique sem cargo na Esplanada.
Com esse encaminhamento, permanece o impasse, porém, de como a cúpula do governo irá fazer para encaixar os deputados federais André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) no primeiro escalão do governo. Os dois já estão praticamente confirmados como futuros ministros. Resta definir qual cargo que cada um assumirá no segundo semestre.
Ambos estiveram reunidos nesta terça-feira com o ministro da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) da Presidência da República, Alexandre Padilha (PT), para tratar justamente da entrada deles na Esplanada. Com isso, a tendência é que o próprio PT e o PSB tenham sua participação no governo reduzida.
Sobre isso, o líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT-CE) Guimarães admitiu há pouco que as negociações com o Centrão envolvem um “xadrez difícil”, mas “não impossível”, e que o Palácio do Planalto irá encontrar uma “solução”. Ainda assim, ele acrescentou que a aliança com o grupo político de Lira já está garantida e que “o pior já passou”.
De acordo com fontes envolvidas nas negociações, Lula também avalia evitar a demissão de ministros que não tenham mandato parlamentar e, portanto, ficariam necessariamente sem cargo político. Um dos exemplos citados nos bastidores é o do ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), que perdeu a corrida eleitoral para senador por São Paulo e não teria como continuar os trabalhos no Congresso. A ordem, neste caso, é não deixar aliados “na chuva”. Na pior das hipóteses, esses nomes podem ser “remanejados” para outros cargos.
As mudanças planejadas pelo presidente da República visam abrir espaço para o Centrão, com o objetivo de ampliar sua base no Congresso. O Planalto espera que adesão desse grupo político à base aliada amplie a margem do governo em votações importantes no segundo semestre, como a segunda fase da reforma tributária, a transição energética e a conclusão da votação do arcabouço fiscal.
Os encontros de Fufuca e Costa Filho com Padilha foram vistos por lideranças do Centrão como mais um gesto do governo para demonstrar disposição em acomodar nomes do bloco em troca de melhor ambiente político para votações no Congresso.
Apesar disso, um aliado do presidente da Câmara pontuou que a demora para essas definições podem sustentar um sentimento de desconfiança do Legislativo. Por isso, o entendimento é que apenas ações concretas, com a formalização de indicações, deflagrarão um novo clima na relação entre os Poderes. Neste sentido, interlocutores especulam que Arthur Lira e Lula podem se reunir nesta semana para discutir o cenário, algo que o parlamentar do PP nega.