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“Lula deveria olhar menos para o PT e mais para o País”, diz ACM Neto

"Uma coisa é certa: o governo não pode apostar no caminho de aumentar imposto e de pedir cheque em branco ao Congresso", diz. (Foto: Alan Santos/PR)

Antônio Carlos Magalhães Neto, vice-presidente do União Brasil, define o governo Lula com uma palavra: “ultrapassado”. Para ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz uma gestão presa a programas antigos e deixa órfãos os eleitores que o escolheram por falta de opção. Neto avalia que o petista deveria olhar menos para a esquerda e mais para o País, e joga fora a oportunidade de fazer uma construção nacional para tirar o Brasil da polarização.

“Quem elegeu Lula não foi o PT nem a esquerda, foi uma parcela do eleitorado de centro que rejeitou mais Jair Bolsonaro do que Lula. Só que esse eleitorado ficou órfão. Lula deu as costas para essa parcela do País”, disse ACM Neto em entrevista ao Estadão.

Presidente da Fundação Índigo, espécie de think tank do partido, Neto considera improvável o União Brasil compor chapa com Lula em 2026, apesar de hoje ocupar três ministérios. Para ele, a legenda deve apresentar candidatura própria, a do governador de Goiás, Ronaldo Caiado.

Acabaram as eleições municipais. Qual é o foco do União Brasil agora?

O foco é tentar dar suporte e apoio aos prefeitos eleitos pelo partido. O União Brasil acredita muito que o trabalho desses prefeitos pode servir de vitrine para o partido.

Já é preciso ter foco na disputa pela Presidência?

O partido não iniciou uma discussão formal interna sobre o assunto, mas ganha corpo (a ideia de) que o partido possa apresentar candidatura própria. Temos um grande nome que pode liderar esse projeto que é o governador do Estado de Goiás, Ronaldo Caiado.

Existe a hipótese de estar no palanque com Lula?

Não posso falar pelo conjunto do partido. Naturalmente, existem bases do União Brasil que são mais próximas do governo. O partido, pela Câmara e pelo

Senado, tem representantes no Ministério do presidente, mas meu sentimento em relação à maioria do partido é da construção de um projeto diferente do projeto do PT e do projeto do presidente Lula.

Esse sentimento foi reforçado pelo resultado das urnas nestas eleições?

A gente percebeu que o eleitor deu uma clara demonstração de que não quer o radicalismo, não aceita extremos, e escolheu um caminho mais focado em gestão. E aí, é claro, anima a gente essa possibilidade de construir algo que pegue uma parte do centro, da centro-direita e da direita para 2026.

Pablo Marçal representa parte do radicalismo na política e o União Brasil vem conversando com ele para eventual filiação. Haveria veto a ele no partido?

Tenho muito claro que Marçal demonstrou que tem capital político. Por outro lado, demonstrou enorme despreparo. Marçal está disposto a rever, a aprender e a construir diferente para o futuro? Ainda não sei. Acho que o diálogo não deve ser embargado, não deve ser vetado, mas é preciso saber em que condições uma aproximação poderia se dar e com que objetivos.

O sr. faz duras críticas ao governo Lula. Conseguiria resumir essa gestão em uma palavra?

Se tivesse que resumir o governo em uma só palavra, seria ultrapassado. A gente tem um governo analógico, preso a programas do passado, que foram reeditados sem o mesmo brilhantismo, sem o mesmo resultado, a mesma eficiência. A gente tem um governo sem novidades, que não sinaliza para o futuro. E, mais do que isso, é um governo que está jogando fora uma baita oportunidade de construir caminhos que tirem o Brasil dessa polarização, um governo que seja menos para a esquerda, menos para o PT, e mais para o País. Porque quem elegeu Lula não foi o PT, não foi a esquerda, quem elegeu Lula foi uma parcela do eleitorado de centro que rejeitou mais Bolsonaro do que Lula. Só que esse eleitorado ficou órfão. Lula deu as costas para essa parcela do País.

Acredita que o governo Lula fará o ajuste fiscal?

Uma coisa é certa: o governo não pode apostar no caminho de aumentar imposto e de pedir cheque em branco ao Congresso. O PT tem que estar disposto a cortar na própria carne e a adotar medidas diferentes do discurso que eles levam para o palanque e para as ruas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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