Quarta-feira, 27 de novembro de 2024
Por Redação O Sul | 26 de julho de 2017
Ex-prefeita de São Paulo (SP) pelo PT, a deputada Luiza Erundina (PSOL) disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deveria dirigir seus “rompantes” à esquerda, mas aos “parceiros da direita com quem ele governou e que, no final, o traíram”.
A crítica de Erundina, enviada em nota ao jornal Folha de S.Paulo, é uma resposta à entrevista de Lula concedida na última quinta-feira (20) aos jornalistas Juca Kfouri, José Trajano e Antero Greco.
Nela, o ex-presidente afirmou que “metade da frescura [do PSOL] vai acabar” quando eles “governarem a cidade do Rio de Janeiro”.
“Eles vão perceber que não dá para a gente nadar teoricamente. Entra na água e vai nadar, porra”, disse Lula, acrescentando que os integrantes do PSOL “se acham”.
Em resposta, Erundina questiona se Lula “esqueceu a experiência do governo do PT na Prefeitura de São Paulo, ou, quem sabe, nunca reconheceu aquele governo como sendo do seu partido”.
“Ali, ‘entramos na água e nadamos‘, preservando os compromissos históricos do PT. Governamos a cidade com minoria na Câmara Municipal, isso porque para conseguirmos maioria teríamos que transigir eticamente, o que não é aceitável até mesmo em nome da governabilidade”, criticou a deputada.
“Isso não é ‘frescura‘, mas, sim, coerência e fidelidade aos compromissos da esquerda.”
Depois da entrevista, o partido de Erundina publicou nas redes sociais uma lista de “13 frescuras do PSOL” e listou, entre elas, “não aceitar propina da Odebrecht” e “não compor com o PMDB”.
Erundina governou São Paulo entre 1989 e 1992. Em 1997, ela deixa o PT e se filia ao PSB, partido que se desfiliou em 2016 para entrar no PSOL
Entrevista
Na entrevista, ao ser questionado sobre a distância do PT com o PSOL, ambos partidos de esquerda, Lula disse que “é o PSOL quem não gosta do PT”. “A única coisa que desejo é que eles ganhem uma prefeitura, a Prefeitura do Rio. Quando governarem a cidade do Rio, metade da frescura vai acabar. Eles vão perceber que não dá para nadar teoricamente. Entra na água e vai nadar, porra”, comentou.
“Eles se acham. Sabe aquele cara que levanta, olha no espelho e diz: ‘Espelho, espelho meu, existe alguém mais bonito do que eu?‘”.
Os jornalistas devolveram: não era atitude parecida com a do PT antes de chegar ao poder? Lula respondeu que não, e que o PT surgiu da união do sindicalismo à base de diversos movimentos sociais.
O ex-presidente, contudo, fez “mea culpa” a respeito das denúncias de corrupção envolvendo o partido.
“O PT errou. O PT tinha nascido para mudar o jeito de fazer política neste país”, disse. “O PT errou ao aceitar o jogo de fazer campanha nos moldes que os outros políticos faziam.” (Folhapress)