Quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de junho de 2015
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a aliados que a prisão dos presidentes da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, é uma demonstração de que ele será o próximo alvo da Operação Lava-Jato. Ele ainda reclamou do que chamou de “inércia” da presidenta Dilma Rousseff para contenção dos danos causados pela investigação, que revelou um esquema de desvios e pagamento de propina na Petrobras.
Ainda segundo seus interlocutores, Lula se queixa da atuação do ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que teria convencido Dilma a minimizar o impacto político da operação. Nas conversas, ele se mostra preocupado pelo fato de não ter foro privilegiado, podendo ser chamado a depor a qualquer momento. Por isso, expressa insatisfação que o caso ainda esteja sob condução do juiz federal Sérgio Moro.
Para petistas, os desdobramentos podem afetar o caixa do partido e colocar em xeque a prestação de contas da campanha da presidenta. A detenção de Odebrecht e Azevedo colocou a cúpula do PT em “estado de alerta” e preocupa o Palácio do Planalto pelos efeitos negativos na economia. Para assessores do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, o “ritmo da economia, que já está fraco, ficará mais lento”.
No entanto, a estratégia adotada pelo partido e pelo governo foi a de afirmar que, dada a influência das duas empreiteiras, a investigação atingirá as demais siglas, incluindo o PSDB. Nessa linha, um ministro citou o nome da 14ª fase da Lava-Jato, intitulada Erga Omnes (expressão em latim que significa “para todos”), para afirmar que não só o PT será afetado.
Durante a campanha presidencial de 2014, segundo esses interlocutores do governo, ambos executivos fizeram chegar reservadamente ao Planalto a sua intenção de votar na oposição.
Na sexta-feira (19), data em que foi deflagrada a ação, o ex-presidente manteve sua agenda: um almoço com o ministro da Educação, Renato Janine, e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), além do secretário paulistano de Educação, Gabriel Chalita. Segundo participantes, ele exibia bom humor.
Apesar do argumento de que outros partidos serão afetados, a tensão é maior entre petistas. Desde o fim do ano passado, a informação, que circulava no meio empresarial e político, era de que Odebrecht “não cairia sozinho” caso fosse preso.
A empresa sempre negou ameaças. Entre executivos e políticos, contudo, as supostas ameaças eram vistas como um recado ao PT dada a proximidade entre a Odebrecht e Lula – a companhia patrocinou viagens do ex-presidente ao exterior, para tentar fomentar negócios na África e na América Latina.
Um dos presos é Alexandrino Alencar, diretor da Odebrecht que acompanhava Lula nessas viagens patrocinadas pela empreiteira. Integrantes dizem que “querem pegar Lula”. O petista também se encontrou com executivos da Odebrecht no exterior. (Folhapress)