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Lula diz a aliados que teve “livramento” ao cair no banheiro dias depois de encontro com evangélicos

Na ocasião, vários parlamentares com as mãos erguidas, fizeram uma oração por Lula e entoaram cânticos religiosos. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a aliados que teve um “livramento” por não sofrer nada mais grave ao cair e bater a cabeça no banheiro de sua suíte, na noite de sábado (19), no Palácio da Alvorada. Lula fez o comentário após passar por novos exames médicos, nessa terça-feira (22), e saber que está “apto a exercer sua rotina de trabalho”.

Dois aliados do presidente afirmaram que ele recorreu à expressão “livramento”, muito usada em contextos religiosos, ao lembrar que, quatro dias antes da queda, havia recebido orações no Palácio do Planalto. Lula se referia ao encontro que teve na terça-feira (15), com integrantes da bancada evangélica no Congresso, quando sancionou a lei que criou o Dia Nacional da Música Gospel. O governo tenta se aproximar dos evangélicos, segmento que, em sua maioria, apoia o ex-presidente Jair Bolsonaro.

Na ocasião, vários parlamentares com as mãos erguidas, tendo à frente o deputado Otoni de Paula (MDB-RJ) – que por anos integrou a tropa de choque de Bolsonaro –, fizeram uma oração por Lula e entoaram cânticos religiosos.

“Caldo de galinha e oração não fazem mal a ninguém”, disse Otoni de Paula. “E nós pedimos a Deus para abençoar o presidente.” Na cerimônia do Planalto, o deputado chegou a agradecer Lula por ter sancionado a Lei da Liberdade Religiosa, em 2003.

Após o encontro, Otoni foi alvo de uma saraivada de críticas de líderes evangélicos, que o acusaram de “traição”. Afirmou, porém, que, embora seja opositor do PT, a igreja não pode ser nem bolsonarista nem petista. “Mas o bolsonarismo acabou tomando a pauta das políticas públicas dos parlamentares, tentando se passar como representante da igreja”, protestou ele.

Entenda

O presidente Lula sancionou o projeto de lei que cria o Dia Nacional da Música Gospel, a ser comemorado todos os anos em 9 de junho. Com caráter simbólico, a data não vai integrar o calendário de feriados no País. Proposto pelo deputado federal Raimundo Santos (PSD-PA) em junho deste ano, o projeto foi aprovado pelas comissões de Cultura e de Constituição e Justiça da Câmara, onde teve a relatoria do pastor Marco Feliciano (PL-SP), e seguiu para o Senado no mês seguinte, onde foi relatado pelo senador Marcos Rogério (PL-RO) e aprovado na Comissão de Educação e Cultura.

“A fixação de uma data nacionalmente dedicada à música gospel, além de valorizar a cultura e a religiosidade de milhões de brasileiros, chamará a atenção para esse importante vetor de conforto mental/psicológico e espiritual, contribuindo para que venha a ser mais conhecido e enaltecido no Brasil”, diz o autor do projeto.

Apesar dos principais interessados no projeto (autor e relatores) serem da ala bolsonarista, a sanção de Lula representa mais um aceno para o eleitorado cristão. No mês passado, o presidente também sancionou outras três leis sobre temas religiosos, igualmente de caráter simbólico.

Passaram a valer a lei que reconhece o cristianismo como manifestação cultural nacional, bem como outra que reconhece da mesma forma a festividade religiosa Círio de Nazaré de São Luís, no Maranhão, e o Dia do Pastor Evangélico, data celebrada no segundo domingo de junho. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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