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Lula diz a interlocutores não estar preocupado com repercussão negativa pela escolha de seu advogado como ministro do Supremo

Congressistas dizem que o ambiente político do momento é favorável ao advogado. (Foto: Reprodução)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está decidido a indicar o advogado Cristiano Zanin para ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Lula manifestou a convicção em conversas com vários interlocutores, recentemente, e não escondeu a contrariedade com os fortes ataques a Zanin por parte de petistas.

Um desses diálogos ocorreu quando o presidente esteve em Lisboa, no mês passado. Em reunião reservada, com a presença de empresários, Lula disse não estar preocupado com possíveis repercussões negativas por escolher seu advogado para ocupar a cadeira do ministro Ricardo Lewandowski, que se aposentou do STF.

Ainda nesta semana, Lula pretende ter uma conversa definitiva sobre o assunto com Lewandowski, que completa 75 anos nesta quinta-feira. O candidato favorito de Lewandowski é o advogado Manoel Carlos de Almeida Neto, que trabalhou na Corte e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O presidente foi informado, porém, de que o ministro aposentado entenderia se essa não fosse sua primeira escolha e quer conferir se ele pode fazer um gesto de apoio a Zanin.

Além disso, Lula vai se reunir com atuais ministros do STF, como Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, para ter certeza do melhor momento para apresentar sua indicação. Não fez isso até agora por causa da agenda atribulada, entremeada por viagens internacionais e problemas na articulação política com o Congresso.

Incômodo

O incômodo com as pressões e o tiroteio na direção de Zanin também foi externado pelo presidente durante recente conversa com integrantes de seu gabinete, no Palácio do Planalto. A “portas fechadas”, Lula afirmou não ser segredo para ninguém que Zanin é seu “candidato do coração” e mostrou inconformismo com a ofensiva deflagrada pelo PT contra ele.

Na avaliação do presidente, essa investida também o atinge porque, ao alvejar quem o defendeu nos processos da Lava Jato e tornou possível o seu retorno à política, o partido confronta o próprio governo.

De acordo com relatos, Lula disse que sempre esteve disposto a examinar outros nomes, até mesmo para ouvir opiniões sobre perfis para uma segunda vaga no Supremo. Ao observar que todos ali tinham conhecimento disso, escancarou o aborrecimento com advogados do seu círculo de amizade que, na sua opinião, agem para desgastar a imagem de Zanin.

Desde que o presidente mostrou preferência pelo homem que o livrou da prisão, definido por ele como uma “revelação jurídica”, Zanin passou a ser alvo de intenso bombardeio.

As críticas à escolha de Lula repetem as feitas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que também optou por indicar para o Supremo duas pessoas de sua confiança – Kassio Nunes Marques e André Mendonça –, em vez de se basear apenas em critérios técnicos. “Vou indicar quem toma cerveja comigo”, justificou Bolsonaro, à época.

A campanha pela cadeira de ministro do Supremo virou um vale-tudo e apareceram até mesmo problemas pessoais, brigas e disputas envolvendo Zanin, como seu rompimento com o sogro, o também advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula há 40 anos.

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