Em entrevista ao site Migalhas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que ficou comovido com a ligação que recebeu de Gilmar Mendes, ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), durante o velório de seu neto, Arthur, que morreu vítima de uma infecção generalizada em março deste ano.
“Quando estou no velório do meu neto e me passam o telefone dizendo que era o ministro Gilmar que queria falar comigo, eu fiquei comovido, porque demonstrou que, por trás daquela cara, fisionomia dura e, às vezes, carrancuda, tem humanismo. E ele demonstrou uma relação humanista muito grande”, afirmou Lula.
“O Tasso Jereissati [PSDB-CE] mandou uma carta para mim. Os caras que conseguem fazer isso ainda demonstram que têm coração, sentimento, humanismo. Em compensação, recebi Twitter de pessoas do outro lado dizendo que ‘a melhor notícia do dia foi a morte do neto do Lula’. Um crápula desse não pode ser considerado ser humano”, completou.
Mensagens divulgadas pelos sites The Intercept e UOL mostraram procuradores da Lava Jato ironizando e criticando Lula e Gilmar Mendes na ocasião do velório do neto do ex-presidente.
Marcelo Odebrecht
O ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, declarou nesta sexta-feira à Justiça Federal que é “injusto” acusar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de participação na negociação de propina de US$ 40 milhões em troca da liberação de financiamento do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) ao grupo Odebrecht. Segundo ele, é preciso primeiro esclarecer ‘contradições’ em depoimentos do ex-ministro Antonio Palocci e de Emilio Odebrecht, pai do empresário baiano. Marcelo não citou quais são essas contradições.
“É tremendamente injusto se fazer qualquer espécie de acusação ou condenação de Lula sem que se esclareçam as contradições dos depoimentos de meu pai e Palocci. Como eu disse, não tratei de Lula. Tudo que eu soube de Lula foi através de meu pai, Palocci e Alexandrino [Alencar, ex-executivo da Odebrecht que também firmou delação]. E os depoimentos deles estão cheios de contradições”, disse Marcelo.
A afirmação contrasta com o que ele próprio havia afirmado anteriormente em depoimento, quando firmou um acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República, homologado em 2017. Na ocasião, o empreiteiro citou Lula como alguém que teria direcionado o pedido feito pelo ex-ministro petista Paulo Bernardo. O depoimento à época foi utilizado como base para abertura de inquérito para investigar o ex-presidente da República, Paulo Bernardo, Palocci e a então senadora e hoje deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR).