O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que “ninguém pode mais desmentir” que houve uma tentativa de golpe de Estado no Brasil em 2022, citando o caso que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados.
Foi a primeira vez que Lula comentou o caso após o indiciamento de Bolsonaro e outros 36 aliados pela Polícia Federal, que ocorreu na última quinta-feira (21), e após a queda de sigilo sobre relatório produzido pela PF.
“Vocês sabem o que está acontecendo na política mundial e na política brasileira. Vocês sabem a quantidade de mentiras, a quantidade de ódio. Vocês sabem a tentativa de golpe em 2022, que agora está ficando verdadeiro”, declarou Lula durante evento para anunciar o Programa Periferia Viva, no Palácio do Planalto.
“Ninguém pode mais desmentir. Porque, na verdade, eles tentaram dar um golpe para não deixar que a gente assumisse a Presidência da República. É isso que eles tentaram fazer”, acrescentou o presidente. Ele afirmou ainda, aos presentes, que apenas a participação popular pode manter a democracia no país.
Segundo o inquérito da Polícia Federal, com mais de 800 páginas, o grupo liderado por Bolsonaro planejou uma série de ações para impedir que Lula “subisse a rampa” do Palácio do Planalto, ou seja, para impedir sua posse como presidente da República.
Um dos planos incluiria o assassinato de Lula, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Bolsonaro
Indiciado pela PF por abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez um apelo ao presidente Lula e ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes por anistia aos presos pelo 8 de Janeiro. Em troca, disse Bolsonaro, haverá a “pacificação” do Brasil.
Bolsonaro sugeriu a Lula e a Moraes para “zerar o jogo daqui para frente”. Ele reafirmou, em entrevista à revista Oeste, que apenas o perdão aos golpistas de 8 de janeiro pode trazer paz ao país, comparando o momento com a Lei da Anistia de 1979, no fim da ditadura militar. E pôs a maior responsabilidade pela pacificação nas mãos do ministro do Supremo.
“Para nós pacificarmos o Brasil, alguém tem que ceder. Quem tem que ceder? O senhor Alexandre de Moraes. Em 1979, foi anistiada gente que matou, que soltou bomba, que sequestrou, que roubou, que sequestrou avião. Vamos pacificar, zera o jogo daqui para frente. Agora, se tivesse uma palavra do Lula ou do Alexandre de Moraes no tocante à anistia, estava tudo resolvido. Não querem pacificar? Pacifica!”, ressaltou o ex-presidente.