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Lula diz que “quem quer o Banco Central autônomo é o mercado”

De acordo com Lula, não se pode ter uma autoridade monetária que não está de acordo com o que a população quer. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar a autonomia do Banco Central (BC) e o patamar elevado da taxa de juros brasileira, em entrevista à Rádio Princesa, em Feira de Santana (BA).

“Quem quer o Banco Central independente é o mercado, que faz parte do Copom, que determina meta de inflação, que determina política de juros”, disse.

De acordo com Lula, não se pode ter uma autoridade monetária que não está de acordo com o que a população quer. Ele disse que não dá para o presidente do BC, a quem se referiu como “cidadão”, ser mais importante que o presidente da República.

“O que não dá é para o cidadão [presidente do BC] ter um mandato e ser mais importante do que o presidente da República. O Banco Central precisa ser de uma pessoa que seja indicada pelo presidente”, afirmou.

Lula reiterou que “o correto é que, ao entrar um presidente da República, ele indique um presidente do Banco Central”. No entanto, destacou que “não faz disso uma profissão de fé” e ponderou que inflação baixa é sua obsessão.

“Eu tenho que, com muita paciência, esperar a hora de indicar um candidato e ver se a gente consegue um presidente do Banco Central que veja o Brasil do jeito que ele é e não do jeito que o sistema financeiro fala”, ressaltou.

O presidente da República voltou a afirmar ainda que o Brasil não precisa ter uma política de juros alta neste momento. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) cheio acelerou nos últimos três meses, sendo que, em maio, superou o consenso do mercado e subiu 0,46%. Em 12 meses até o quinto mês do ano, o indicador acumula alta de 3,93% e está acima do centro da meta para 2024, de 3%.

Segundo o Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, a manutenção da Selic em patamar contracionista por “horizonte relevante” está alinhada com a estratégia de convergência da inflação de 2025 para o redor da meta.

Lula também afirmou nesta segunda que o governo federal irá cumprir o arcabouço fiscal.

“Importante lembrar que quem propôs o arcabouço fiscal foi o próprio governo, que contou com o apoio da maioria dos parlamentares para aprová-lo no Congresso. Então, é claro que vamos cumpri-lo”, disse Lula na entrevista

“Estamos analisando onde é possível fazer cortes e se há abusos em alguns programas. O que tenho dito, e repetido, é que os cortes não podem penalizar os mais pobres, que mais precisam do Estado”, completou.

A frase de Lula ocorreu dias depois de o presidente afirmar, em entrevista ao UOL, que era necessário discutir “sobre se há de fato necessidade de cortar gastos públicos no Brasil ou se o ajuste deve ser realizado através da arrecadação”.

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