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Por Redação O Sul | 18 de maio de 2019
Preso há mais de um ano na Superintendência da PF (Polícia Federal) em Curitiba – desde 7 de abril do ano passado –, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a ordem de prisão do ex-ministro José Dirceu, mas brincou com o fato de o correligionário ser levado para o mesmo prédio.
“O presidente Lula lamentou a prisão do José Dirceu mas fez uma brincadeira, coisa de amigo, dizendo que se Dirceu quiser tem um cantinho para ele”, disse o ex-deputado Wadih Damous (PT-RJ), que integra a defesa de Lula.
Dirceu se entregou na noite desta sexta-feira (17) para a PF em Curitiba onde deveria ter se apresentado às 16h. Na quinta-feira (16), o TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4.ª Região) negou recurso de Dirceu e a Justiça Federal em Curitiba determinou sua prisão. Dirceu vai cumprir pena de 8 anos e 10 meses pela segunda condenação na Operação Lava-Jato.
Habeas corpus
Até junho de 2018, José Dirceu cumpria a pena de 30 anos e nove meses de prisão a que foi condenado em primeira e segunda instâncias em outro processo da Lava-Jato. Ele ficou detido no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, por pouco mais de um mês. O ex-ministro foi solto por uma decisão da Segunda Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), com votos dos ministros Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli.
Nesta ação, a primeira a lhe render uma condenação na Lava-Jato, Dirceu foi condenado pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e pertinência a organização criminosa. Ele foi considerado culpado de receber 15 milhões de reais em propina sobre contratos da Diretoria de Serviços da Petrobras, então comandada por Duque.
“Vulcão”
Em mensagem à militância petista gravada na quinta-feira à noite e compartilhada em grupos petistas do WhatsApp, o ex-ministro José Dirceu diz que “o vulcão já entrou em erupção”. A mensagem, gravada poucas horas antes de Dirceu embarcar rumo a Curitiba, onde se apresentou nesta sexta-feira à Justiça para cumprir pena de 8 anos e 10 meses em sua segunda condenação na Lava-Jato, foi interpretada como uma referência às manifestações em defesa da educação e contra o governo Jair Bolsonaro que levaram centenas de milhares der pessoas às ruas na quarta-feira (15).
“O Brasil já está mudando, o vulcão já está em erupção. Como eu disse no Tuca, um vulcão embaixo de um País de jovens e mulheres vai, como está acontecendo, entrar em erupção”, disse Dirceu. Com a voz rouca e tentando demonstrar otimismo, Dirceu classifica a prisão como mais uma “trincheira de luta” e diz ter esperança quanto a uma decisão favorável nos tribunais superiores.
“Estamos aqui nos preparando para mais essa trincheira de luta. Vamos ver assim. Tem uma série de recursos jurídicos a curto prazo, uma série de decisões a serem tomadas no Supremo, no STJ [Superior Tribunal de Justiça]. Vamos ver se conseguimos Justiça no curto prazo. Eu me preparei para isso. Vamos retomar o segundo volume [das memórias], vou ler mais, manter a saúde, manter o contato. Fiquem aí na trincheira de vocês que é nossa”, disse o ex-ministro.