Sexta-feira, 15 de novembro de 2024
Por Felipe Beck | 31 de agosto de 2024
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Parece que a “sabedoria popular” continua sendo a ferramenta preferida do nosso presidente ao lidar com temas complexos, como o mercado de capitais. Logo após o Conselho de Administração da Vale anunciar Gustavo Pimenta como o novo CEO, Lula resolveu usar a metáfora do “cachorro com muito dono” para criticar o modelo de gestão da empresa. Na visão dele, a Vale estaria fadada ao fracasso, com seus “muitos donos” deixando o pobre animal morrer de fome. Mas será que essa analogia faz sentido?
A verdade é que o “cachorro” que Lula tanto se preocupa não só está bem alimentado, mas também correndo livre e saudável, graças ao modelo de capital pulverizado. Empresas de capital aberto como a Vale prosperam justamente porque têm muitos donos, ou melhor, muitos investidores que apostam no sucesso da companhia. A escolha de Gustavo Pimenta como CEO é um reflexo disso: uma decisão estratégica tomada por um Conselho que representa os interesses diversos de seus acionistas. A lógica é simples: quanto mais donos, mais capital, mais investimentos, mais crescimento.
Mas não, Lula prefere romantizar os tempos em que sabia o nome do “dono”, como se o controle centralizado fosse a receita mágica para a eficiência. É a velha crença de que o governo é o grande salvador da pátria, ignorando que a verdadeira força econômica está na capacidade de uma empresa se sustentar sozinha, sem depender do papai Estado para sobreviver.
É intrigante como o presidente critica a falta de “dono” e ainda chama isso de “ignorância levada à sétima potência”. Talvez seja hora de ele rever seus conceitos sobre o que realmente alimenta o cachorro – ou melhor, o mercado. A nomeação de Pimenta sinaliza a força de um mercado dinâmico, onde as empresas têm autonomia para crescer e os investidores compartilham do sucesso. Que ironia, não? Enquanto o mundo caminha para a descentralização, Lula ainda sonha com o controle centralizado.
Afinal, velho cachorro não aprende truque novo.
felipe@betahauss.com
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