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Lula evita cobrar de Nicolás Maduro compromisso por eleições livres na Venezuela; em reunião, o líder do país vizinho falou apenas que o pleito será no 2º semestre

Lula é aliado histórico de Nicolás Maduro. (Foto: Presidência da Venezuela)

Em encontro bilateral realizado, na última sexta-feira (1º), paralelamente à 8° Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), em São Vicente e Granadinas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ouviu do líder venezulano Nicolás Maduro que haverá eleições em seu país no segundo semestre deste ano.

O relato foi feito por um interlocutor que teve acesso à reunião. Com isso, o venezuelano confirma que cumprirá essa parte do acordo firmado ano passado com a oposição, mas ainda há vários poréns sobre a mesa.

Maduro foi quem levantou o tema das eleições, segundo destacaram integrantes do governo brasileiro, mencionando o acordo com a oposição.

O governo brasileiro está preocupado com a situação na Venezuela. Existe, no Palácio do Planalto e no Itamaraty, a percepção de que as últimos acontecimentos no país vizinho, como a prisão e a inelegibilidade de adversários políticos de Maduro, mostram que um acordo firmado entre o governo venezuelano e a oposição não está sendo cumprido.

O exemplo mais lembrado por chancelarias e analistas no exterior é o de Maria Corina Machado: principal nome da oposição, ela venceu primárias realizadas no ano passado por ampla margem, mesmo depois de ser inabilitada por 15 anos, assim como outros líderes contrários a Maduro, como o ex-candidato à Presidência, Henrique Capriles.

Pelo acordo firmado em Barbados, no fim do ano passado, entre governo e oposição, existe a obrigação da realização de eleições livres, justas e transparentes, sendo esse um dos passos importantes para outras medidas, como a retirada de sanções impostas pelos EUA.

“Maduro afirmou ao presidente brasileiro que a Venezuela vai realizar eleições presidenciais no segundo semestre. O líder venezuelano disse ter articulado um amplo acordo com partidos de oposição na Assembleia Nacional de seu país e sustentou que haverá observadores internacionais e auditoria para garantir a lisura do pleito”, diz nota do Palácio do Planalto.

Na saída do evento, em rápida conversa com jornalistas, Nicolás Maduro definiu a conversa com o presidente brasileiro como “muito boa”. Segundo ele, o diálogo serviu para “fortalecer a cooperação” entre as duas nações. Em 2023, o presidente Lula recebeu Maduro no Palácio do Planalto em visita oficial.

Diante do aparente recuo de Caracas, e das incertezas sobre quando e como ocorrerá a votação, os EUA já começaram a retomar algumas das sanções derrubadas — no mês passado, a Agência de Controle de Ativos Estrangeiros dos EUA (OFAC) anunciou medidas contra a empresa estatal do setor de mineração, a Minerven, restringindo operações envolvendo empresas americanas.

O assunto foi discutido, na semana passada em Brasília, em uma reunião entre Lula e o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, que esteve no país para participar do encontro de chanceleres do G20.

Ao menos uma das questões sobre a votação, a data, parece estar perto (ou menos distante) de ser resolvida: nesta quarta-feira (6), após 15 dias de discussões, o Parlamento venezuelano vai propor às autoridades eleitorais 27 datas no segundo semestre para a votação.

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