O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem demonstrado preocupação com o cenário eleitoral para 2026, principalmente em relação ao Senado. O petista vem tratando desse assunto com dirigentes de partidos aliados.
Segundo interlocutores, Lula sinaliza nessas conversas que a prioridade da base aliada, após as eleições municipais, deve ser a formação de chapas fortes para a eleição nacional.
Conforme informações do Valor, a preocupação foi externada na última quarta (4), durante reunião de trabalho que envolveu Lula, ministros políticos do governo e aliados de partidos de esquerda. O receio com o Senado deve-se ao fato de que a Casa tem a prerrogativa de analisar questões mais sensíveis do que a Câmara dos Deputados.
Um dos exemplos é a questão do impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), possibilidade que somente pode ser discutida a partir de decisão direta do presidente do Senado, cargo que hoje está com Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Há algum tempo, o PT e outros partidos da base aliada temem que os bolsonaristas consigam construir maioria no Senado, o que poderia abrir uma nova crise na relação entre Legislativo e Judiciário.
Recentemente, o grupo político do ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a insistir na pauta de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, por conta de decisões tomadas pelo magistrado. Pacheco, no entanto, sinalizou a aliados que não tem nenhuma chance de endossar esse tipo de pauta.
Ainda assim, diante desse cenário, outra aposta do governo é garantir um nome palatável ao governo no comando do Senado a partir de 2025. Neste sentido, a tendência, até o momento, é que o Palácio do Planalto reforce a candidatura de Davi Alcolumbre (União-AP), habilidoso nome do União Brasil. O senador do Amapá, que ocupa hoje a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), é o principal nome para suceder o atual presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, e tem ressentimentos com alas bolsonaristas por ter sido atacado em eleições anteriores.
Na oposição, por sua vez, também há vários nomes tentando se cacifar para a
disputa pela presidência do Senado. Entre os mais cotados estão nomes com ligação próxima com Bolsonaro, como, por exemplo, Rogério Marinho (PL-RN), Damares Alves (Republicanos-DF) e Tereza Cristina (PP-MS).
Uma alternativa que também é ventilada pelo governo, em caso de reeleição de Lula em 2026, é devolver ao Senado nomes que hoje estão como ministros na Esplanada. Este é o caso dos ministros Carlos Fávaro (Agricultura), Renan Filho (Transportes), Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Camilo Santana (Educação), que estão licenciados do Senado desde o início da gestão petista.