Segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de fevereiro de 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva padece do mesmo mal do ex-presidente Jair Bolsonaro na articulação política. O petista está cercado apenas de correligionários no Palácio do Planalto, com isso só ouve a voz do próprio partido e não tem noção do termômetro real do Congresso e das ruas. Essa avaliação tem sido feita nos bastidores por integrantes da base aliada, que pressionam por mudanças na equipe de Lula nos ministérios e também nas lideranças de governo. Os dois cargos mais visados, nesse caso, são o do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e de José Guimarães (líder na Câmara).
Para dois ex-ministros do Centrão, atualmente com mandato parlamentar, o “pessoal do PT” não tem coragem de falar o que Lula precisa ouvir de críticas ao governo. Como consequência, o presidente conduz a política de forma errônea, não consegue fidelidade da base na Câmara e no Senado, e vê a popularidade despencar de forma vertiginosa. Pesquisa Quaest mostrou que a desaprovação de Lula chegou a 49% e superou aprovação pela primeira vez em janeiro.
Hoje os ministros palacianos são todos do PT. Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil), Márcio Macêdo (Secretaria-geral da Presidência). Os líderes na Câmara, Senado e Congresso – José Guimarães, Jaques Wagner e Randolfe Rodrigues, respectivamente. Situação bem diferente das gestões Lula 1 e 2, que teve nomes como José Múcio, Walfrido Mares Guia e Aldo Rebelo na condução da articulação política e levava a Lula reflexão diferente da ideologia petista.
Bolsonaro também só ouvia os seus para não ser contrariado, observam outras três lideranças do Centrão, e “deu no que deu”. O ex-presidente estava cercado de militares no Planalto e de líderes do PSL. No grupo havia nomes como Joice Hasselmann, Major Vitor Hugo, Delegado Valdir.
O presidente Lula agora avalia mudanças. Mas, num momento em que vê sua popularidade em queda livre, fica mais difícil encontrar alguém disposto a assumir o papel de articulador político do Planalto. Uma liderança política que esteve no governo em todas as gestões de 2002 até agora disse à Coluna do Estadão não ter constrangimento de “virar a casaca”. Entretanto, admitiu que hoje não tem condições de ir para sua base eleitoral como representante de lula, porque perderia o próprio eleitorado e sabe que terá de enfrentar as urnas em 2026 também.
Mas, claro, sempre há nomes dispostos. Quem tem sido cogitado para assumir o Ministério das Relações Institucionais é o líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (AL).
Só trocar ministro e líder ou chamar o marqueteiro também não adianta. É consenso no Congresso que o chefe do Executivo só conseguirá conquistar o eleitor se ajustar a economia e entender que o eleitor brasileiro moveu-se para o centro. Ao invés disso, entretanto, Lula se recusa a fazer o ajuste fiscal necessário e estende o tapete vermelho do Planalto para a ala mais radical do PT ao preparar uma cadeira para acomodar a presidente da sigla, a deputada Gleisi Hoffmann.
Lula, na visão desse grupo político, precisa passar a ouvir os conselhos de quem tentar melhorar a interação entre o governo e os parlamentares. As informações são do portal Estado de São Paulo.