Encerrando sua visita ao Rio Grande do Sul nesta sexta-feira (30), o presidente Lula prestigiou durante a tarde o evento de inauguração de dois novos prédios do complexo do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Seu discurso foi marcado pela defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e elogios aos centros de excelência do setor.
Ele garantiu ser possível repetir, nas demais regiões do País, experiências como a da instituição da capital gaúcha. Vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Clínicas tem papel fundamental tanto para a educação quanto para a saúde pública. Lula frisou:
“Quando a gente vem inaugurar dois blocos de um hospital que passa a ser o mais importante centro de excelência do país, a gente começa a perceber que um outro país é possível construir. Nós seremos do tamanho que a gente quiser ser e da qualidade que a gente quiser ser. Não há o que impeça a gente de se transformar em um país melhor”.
Lula se comoveu com o depoimento de uma estudante da UFRGS, beneficiada por políticas de inclusão criadas em seus governos. Com a voz embargada, destacou a importância do investimento educacional para a transformação social:
“Não é possível a gente conviver com desigualdade racial, de gênero, de comida, de salário, de oportunidades. Não é possível a gente não consertar o planeta terra. O pobre não pode ser tratado como um objeto”.
Durante a cerimônia, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, assinou portarias que ampliam os recursos destinados à saúde no Rio Grande do Sul e fortalecem equipamentos públicos regionais. Juntas, as portarias 171 e 172 incorporam um repasse de quase R$ 180 milhões para ações de controle e tratamento do câncer.
“Nessas portarias assinadas, é muito importante reforçar que estamos apoiando uma visão de hospitais regionais e destinando recursos para oncologia nos hospitais de referência filantrópicos”, detalhou a ministra. “Saúde e educação trabalharão juntas para reconstruir o País, e o Hospital de Clínicas de Porto Alegre é um modelo para esse processo.
Trajetória
Com 52 anos de atividade, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre é referência de ensino, extensão e pesquisa na área de saúde, no Brasil e no mundo, assim como muito relevante para o atendimento do SUS no Rio Grande do Sul.
A extensão do equipamento, com a construção dos blocos B e C, inaugurados nesta sexta-feira, foi inserida no Plano Plurianual dos anos 2011 e 2012, na gestão Dilma Rousseff. O investimento de R$ 555 milhões foi integralmente bancado pelo Ministério da Educação.
As novas instalações agregam 80 mil metros quadrados (m²) à estrutura do hospital, que agora chega a 230 mil m² de área. São instalações que atendem a todos os níveis de atenção à saúde, da básica à mais alta complexidade.
O HCPA, parte da rede de hospitais universitários do MEC, responde por parcela significativa dos atendimentos ao SUS no estado. Em 2022, realizou mais de 44 mil procedimentos cirúrgicos, 487 mil consultas presenciais, 41 mil teleconsultas, 3 milhões de exames, 31 mil internações e 346 transplantes.
O Bloco cirúrgico passou a funcionar em um dos novos prédios. Atualmente em 13 salas, mas com capacidade de ampliação para 40. A previsão é de que as novas instalações também abriguem os serviços de hemodiálise, endoscopia, o Centro de Infusões e o Centro Integrado de Oncologia.
Na parte de formação, o hospital universitário atende não apenas os estudantes de medicina, mas também de áreas correlatas, como enfermagem, farmácia, odontologia, psicologia e nutrição. Ao todo, apoia atividades de 17 cursos da UFRGS e possui programas próprios de ensino nos níveis de residência, pós-graduação e estágios, além de produzir pesquisas científicas e gerar inovação em saúde.
A obra de expansão foi concluída no fim de 2019, mas o planejamento de ocupação foi postergado para que a estrutura fosse utilizada emergencialmente no enfrentamento da pandemia de coronavírus, consolidando o HCPA como o maior centro de referência no tratamento de alta complexidade da doença no Rio Grande do Sul.
(Marcello Campos)