O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez referência nessa terça-feira (11) ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao falar sobre resultados da economia brasileira. Segundo o brasileiro, “não adianta” o colega ficar “gritando de lá”, pois ele (Lula) aprendeu a não ter “medo de cara feia”. Lula recomendou ainda que Trump fale “manso” com ele, pois ele “quer ser respeitado”.
A declaração vem no contexto das tarifas de importação que os EUA impuseram ao aço e alumínio, incluindo para produtos brasileiros.
“É no olho que a gente diz a verdade, é com o olho que a gente fala. Eu quero dizer para vocês em alto e bom som: podem ter certeza, a economia brasileira vai continuar crescendo, a gente vai continuar gerando emprego, a inflação vai baixar”, afirmou Lula.
“Nós fizemos a maior política tributária que esse país já viu na história e todo mundo vai ganhar, porque nós não queremos o Brasil para nós, nós queremos o Brasil para vocês. E é por isso que eu digo sempre: não adianta o Trump ficar gritando de lá porque eu aprendi a não ter medo de cara feia”, prosseguiu.
Lula ainda emendou: “Fale manso comigo, fale com respeito comigo que eu aprendi a respeitar as pessoas e quero ser respeitado. É assim que a gente vai governar esse País.”
O brasileiro critica com frequência medidas adotadas por Trump em diferentes áreas, como economia e política externa.
Cautela
No momento, o governo brasileiro negocia com a gestão de Trump para aliviar as tarifas impostos pelos Estados Unidos a produtos como aço, alumínio e etanol.
Segundo interlocutores do Itamaraty e do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, a resposta por parte dos EUA é aguardada com “cautela e sem muito otimismo”.
Lula e Trump ainda não conversaram desde que o americano retornou à Casa Branca, em janeiro. Na eleição de novembro passado, o presidente brasileiro apoiou a representante do Partido Democrata, Kamala Harris, derrotada por Trump, cuja orientação política é seguida no Brasil pelo grupo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
As falas de Lula foram durante participação do presidente em cerimônia de inauguração do Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Híbrida Flex, na cidade mineira de Betim.
Indiretas
O governador de Minas Gerais, Romeu Zema – que apoiou Bolsonaro na última eleição – também estava presente. O evento foi marcado por troca de indiretas entre Zema e Lula.
Esta não é a primeira vez que, em público, há troca de farpas entre o governador de Minas e o governo federal. Em janeiro, Zema criticou os vetos de Lula ao programa de renegociação de dívidas dos Estados com a União.
Na ocasião, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad respondeu apontando que o governador de MG “aumentou o próprio salário” durante vigência de medidas de contenção de gastos para pagamento da dívida.
No evento dessa terça, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, saiu em defesa de Haddad e Lula ao citar o programa de renegociação de dívidas dos estados com a União e também atacou a gestão de Zema.
Logo depois, diante de indiretas de Zema sobre a gestão Lula, o presidente se defendeu e também elogiou Haddad quando começou a ler a nominata do evento.
Ao anunciar o nome do ministro da Fazenda, o presidente destacou os feitos de Haddad na economia.
“Meu caro Fernando Haddad, ministro da Fazenda, responsável pelos acertos das coisas que estão acontecendo de forma benéfica na economia brasileira”, disse. (Portal G1)