Terça-feira, 04 de março de 2025
Por Redação O Sul | 3 de março de 2025
Em meio a queda de popularidade e pressão para aceleramento da reforma agrária, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitará, nesta sexta-feira (7), um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) pela primeira vez no mandato atual. O petista escolheu o assentamento Quilombo Campo Grande, no município de Campo do Meio (MG), como destino para esta busca de reaproximação com o grupo. A agenda ainda não está pública, mas integrantes do movimento confirmam a ida de Lula.
“Aproveitaremos a ida do presidente para cobrar, mais uma vez, agilidade no processo de criação dos assentamentos. O governo precisa sair da inércia e destravar as políticas públicas voltadas para o fortalecimento da agricultura familiar e da reforma agrária. Esta é a solução, inclusive, para a alta do preço dos alimentos”, destaca a deputada Marina do MST (PT-RJ), dirigente nacional do movimento.
Em janeiro, o presidente recebeu integrantes do movimento no Palácio do Planalto. O encontro ocorreu seis dias depois de o grupo divulgar uma carta com o objetivo de pressionar o petista a assentar 100 mil famílias.
Além de criticar a atuação do governo petista e contestar os cálculos de assentamentos divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário, o MST também criticou o Congresso Nacional pelo que classificou como “atuação perversa” em defesa do agronegócio. Na carta, o MST alegou que há uma “paralisação da reforma agrária” no atual governo, contestando o nível de entrega da administração petista em uma das principais bandeiras históricas do partido.
Em dezembro, o Ministério do Desenvolvimento Agrário, chefiado pelo petista Paulo Teixeira, afirmou que o governo Lula assentou 71,4 mil famílias ao longo de 2024. No ano passado, o governo havia se comprometido com a meta de incorporar 295 mil novas famílias ao Programa Nacional de Reforma Agrária até o fim de 2026. Os dados, porém, são contestados pelo MST.
Abril Vermelho
Após terem se reunido duas vezes com o governo federal em um espaço de uma semana e terem escutado um pedido por “mais paciência”, o movimento aumentou a pressão sobre o presidente e ameaça realizar um “Abril Vermelho” de mais invasões, caso suas demandas não sejam atendidas. O período que marca o aniversário do massacre de Eldorado dos Carajás, quando 19 sem-terras foram assassinados em 1996.
Ceres Hadich, integrante da direção nacional do movimento, assume a frustração com o “governo da esperança” que ainda “não mostrou ao que veio”, mas minimiza a correlação entre as demandas e as invasões de terra. Ela afirma que hoje há 115 mil famílias acampadas e, mesmo que 65 mil sejam assentadas, ainda haveria um passivo de 50 mil.
“Ainda não tivemos uma solução do governo, mas a pressão política se faz independente de ter uma reação, uma resolutiva do governo. Independente do retorno breve por parte do presidente, por parte do governo, iremos nos mobilizar. É nosso método de luta e tende a se manter mesmo se tivermos nossas demandas atendidas”, afirmou Ceres, em janeiro.
Alinhado a isso, parte do movimento também pede a demissão de Teixeira. Segundo o movimento, a pasta não tem priorizado a reforma agrária e o titular “não tem conhecimento do campo para traçar estratégias”.