Sábado, 26 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 14 de setembro de 2015
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma conversa reservada com o vice-presidente Michel Temer há nove dias, em São Paulo, e manifestou extrema preocupação com a possível saída do PMDB do governo diante do agravamento da crise política e econômica. Lula pediu ajuda a Temer por avaliar que, se o PMDB abandonar a presidenta Dilma Rousseff, o processo de impeachment será deflagrado.
A conversa, mantida sob sigilo, ocorreu 48 horas depois de Temer dizer a empresários que Dilma corria o risco de não concluir o mandato se permanecesse com popularidade tão baixa.
No mesmo dia em que o vice admitiu ser muito difícil um governante resistir três anos e meio no poder sem apoio, Lula jantou com Dilma, em Brasília. Aconselhou a afilhada a se reaproximar de Temer, que comanda o PMDB, e do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Cabe a Cunha, desafeto do governo, decidir se um pedido de impeachment prosseguirá ou não. O script discutido por deputados oposicionistas, como do PSDB, DEM e PPS, e por dissidentes da base aliada, entre eles os do PMDB, prevê que Cunha, em jogo de cena, rejeite o pedido, mas um recurso ao plenário da casa deflagre o processo.
Lula disse a Temer que Dilma parece não estar percebendo a gravidade da crise. Na sua avaliação, ela tem muita dificuldade de ouvir, de tomar decisões e de corrigir rumos. O vice reclamou da desconfiança de Dilma e do ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Foi além: admitiu que, se o congresso do PMDB, marcado para novembro, fosse hoje, a maioria do partido decidiria pelo rompimento com o governo.
A crise piorou depois que o Brasil perdeu o selo de bom pagador, o ministro Joaquim Levy ameaçou deixar a equipe e um movimento pró-impeachment ganhou corpo na Câmara, na esteira de um pedido de afastamento de Dilma apresentado por Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT.