Terça-feira, 24 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 1 de março de 2024
O presidente ressaltou que a reunião com Maduro deve ser para discutir a Celac.
Foto: Marcelo Camargo/Agência BrasilO presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, deve se encontrar com o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, durante a 8° Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), em São Vicente e Granadinas.
Lula ressaltou que não vai mencionar a disputa histórica envolvendo Venezuela e Guiana pela região de Essequibo, que pertence a Georgetown e tem grandes reservas de petróleo. O tema também não foi discutido na reunião de Lula com o presidente da Guiana, Irfaan Ali, em Georgetown, na quinta-feira (29).
O mandatário brasileiro afirmou após o encontro com Ali que o Brasil vai trabalhar para que a América do Sul seja uma zona de paz no mundo. “Nossa integração com a Guiana faz parte da estratégia do Brasil de ajudar não apenas no desenvolvimento, mas de trabalhar intensamente para que a gente mantenha a América do Sul como zona de paz no planeta Terra. Nós não precisamos de guerra”, disse Lula, antes de esperado encontro com o ditador venezuelano Nicolás Maduro.
O presidente ressaltou que a reunião com Maduro deve ser para discutir a Celac, mas que o Brasil está disposto a participar e mediar uma nova reunião entre Georgetown e Caracas. “Se em cem anos não foi possível resolver este problema, é possível que a gente demore algumas décadas”, disse Lula.
Acordo de Barbados
A reunião entre Lula e Maduro deve ser uma oportunidade para que o presidente brasileiro reforce a necessidade de Maduro cumprir o Acordo de Barbados, que foi costurado entre o governo de Maduro e a oposição venezuelana em outubro de 2023 para que eleições livres e justas ocorressem em 2024. O compromisso entre as duas partes ficou conhecido como acordo de Barbados por ter sido assinado no país caribenho.
A mediação foi feita pela Noruega e teria a participação de observadores internacionais. O acordo menciona permitir que todos os candidatos concorram “desde que cumpram os requisitos estabelecidos para participar da eleição presidencial, de acordo com os procedimentos estabelecidos na lei venezuelana”.
Mesmo com o acordo de Barbados e a real possibilidade de um pleito mais aberto no país sul-americano, Maduro já sinalizou que não pretende seguir o acordo. Em janeiro, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) confirmou a proibição da presidenciável María Corina Machado de ocupar cargos públicos por 15 anos. A política venceu uma eleição primária dentro da oposição no ano passado e tinha a expectativa de participar do pleito.
Com o Acordo de Barbados, os Estados Unidos haviam flexibilizado algumas sanções que haviam imposto contra Caracas, mas voltaram a reimpor parte das sanções econômicas após a prisão de Corina Machado. O regime de Maduro também prendeu a ativista Rócio San Miguel e expulsou mais de uma dezena de funcionários do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ADNUDH) da Venezuela.
Lula é um dos aliados políticos de Maduro e foi o principal patrocinador de seu retorno ao cenário diplomático. Em maio de 2023, o presidente brasileiro recebeu Maduro em Brasília, minimizou problemas do país vizinho, isentou Maduro de responsabilidades sobre a crise econômica que atinge o país e condenou as sanções que recaem sobre o regime chavista.
Sem citar violações de direitos humanos e políticos reconhecidos pelas Nações Unidas, Lula afirmou que as sanções contra a Venezuela, que impedem acesso a recursos bilionários no exterior e até a circulação de altos funcionários do regime, foram aplicadas por quem não gosta de Maduro. Ecoando o discurso do visitante, o petista afirmou que o “bloqueio”, liderado pelos Estados Unidos, é “pior do que a guerra” e “mata mulheres e crianças”.