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Lula tenta dar mais espaço aos partidos PSD e União Brasil, em busca de apoio para a reeleição

A reforma ministerial que será feita pelo presidente Lula está atrasada em função de cálculos feitos de olho no pleito presidencial do ano que vem. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

Prevista desde o fim da eleição municipal do ano passado, a reforma ministerial que será feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva está atrasada em função de cálculos feitos de olho em outro pleito: o presidencial do ano que vem. O chefe da Casa Civil, Rui Costa, chegou a anunciar que as trocas começariam até o dia 21, mas entraves como os espaços que ficarão com PSD e União Brasil, partidos que o Palácio do Planalto tenta atrelar ao projeto de reeleição em 2026, adiaram a definição.

Por ora, a única substituição desta leva foi a chegada de Sidônio Palmeira na vaga de Paulo Pimenta na Secretaria de Comunicação Social (Secom) – foi a sétima mudança desde o início do governo. Em um gesto preparatório, o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) iniciou conversas com integrantes de partidos aliados para sondar os ânimos.

Favorito para assumir o comando da Câmara dos Deputados no mês que vem, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) foi recebido ontem para um almoço. O tema principal da conversa foi a eleição no Congresso, mas o desejo do presidente de mexer na composição da Esplanada foi mencionado, segundo interlocutores do ministro.

O mesmo foi feito pelo chefe da articulação política em conversas com o prefeito do Recife, João Campos (PSB), e com o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), que está licenciado do cargo, mas mantém influência na bancada do partido na Câmara.

As trocas partem de uma insatisfação de Lula com o desempenho de determinadas áreas do governo, da necessidade de ampliar apoios no Congresso e da tentativa de já alinhavar alianças para o ano que vem. O presidente disse em reunião ministerial na segunda-feira que espera conversar com os partidos aliados em breve para tratar da ocupação de espaços. Ele afirmou que compreende não ser possível “100% de alinhamento” com o governo, mas que tem de entender como será o “futuro”, num recado sobre as alianças para 2026.

Após sair das eleições de 2024 como o partido que mais elegeu prefeitos, com 887, o que inclui capitais com eleitorado amplo como Rio e Belo Horizonte, o PSD passou a ser visto como peça-chave. A legenda avalia que está sub-representada na Esplanada e cobra uma presença de mais peso do que a ocupada hoje, com os ministérios de Minas e Energia, Agricultura e Pesca.

O presidente do PSD, Gilberto Kassab, indicou a integrantes do governo que deseja trocar a pasta da Pesca, que tem André de Paula à frente, pela do Turismo, sob a chefia de Celso Sabino, do União Brasil. O Turismo tem um orçamento três vezes superior ao da Pesca, de acordo com a previsão deste ano enviada ao Congresso e ainda não votada. O volume inclui a possibilidade de direcionar verbas para atividades que atraem atenção do eleitorado, como shows e eventos.

O movimento também busca fortalecer o PSD em Pernambuco, onde a sigla pretende atrair a governadora Raquel Lyra, de saída do PSDB. Procurado, Sabino não se manifestou.

Opositores da ofensiva do PSD pontuam, no entanto, que Kassab é um dos principais secretários do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo e que dificilmente a legenda estará formalmente ao lado do PT no ano que vem.

“Os ministérios são nomeados pelo presidente. Se houver alguma mudança, a gente pode até discutir, mas isso até agora não aconteceu”, disse o líder do PSD no Senado, Omar Aziz (AM).

Caso perca o Turismo, uma possibilidade do União Brasil é ganhar o Ministério de Ciência e Tecnologia, hoje com Luciana Santos (PCdoB), que seria deslocada para a pasta das Mulheres na vaga da petista Cida Gonçalves. O União já indicou os titulares de Comunicações (Juscelino Filho) e Integração Nacional (Waldez Góes) e é repleto de divisões internas que tornam improvável um apoio completo a Lula em 2026. Ainda assim, em função da capilaridade – é o quarto em número de prefeitos, com 578 –, o Planalto leva em conta a necessidade de contemplar a legenda nas mudanças que serão feitas. Interlocutores do presidente do União Brasil, Antonio Rueda, dizem que o dirigente ainda não foi chamado para discutir eventuais alterações.

Para o Planalto, essa parte do xadrez traria menores repercussões, por Cida ser filiada ao PT e estar no centro de denúncias de um suposto assédio moral, em um caso em investigação na Comissão de Ética da Presidência. A ministra nega e, no seu entorno, aliados veem “fogo amigo” para justificar uma possível troca.

A ministra Nísia Trindade (Saúde), por sua vez, ganhou sobrevida no cargo, na avaliação de integrantes do governo. Convocada duas vezes ao Palácio do Planalto nos últimos dias, o que alimentou rumores de que poderia ser uma despedida, ela ouviu de Lula questionamentos sobre detalhes do programa Mais Acesso a Especialistas, que ele gostaria de transformar em uma marca de seu terceiro mandato. O presidente procurou entender como estava andando a iniciativa e o que é preciso para deslanchar. As informações são do jornal O Globo.

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