Por Redação O Sul | 27 de junho de 2015
Após afirmar que petistas “só pensam em cargo”, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconheceu ter se excedido nas críticas públicas que fez ao PT e ao governo Dilma Rousseff. Em conversas com aliados, também admitiu que suas declarações prejudicam a imagem da sigla, em vez de ajudá-la. Lula alegou, no entanto, que a imprensa exagerou o tom de sua avaliação e que não tinha ideia de que a repercussão seria tão grande.
Esse mea-culpa foi relatado pelo presidente do PT, Rui Falcão, na quinta-feira (25), durante uma reunião da cúpula do partido, em São Paulo. Durante sua exposição, Falcão descreveu parte de sua conversa de véspera no Instituto Lula. Segundo participantes da reunião da executiva, Falcão afirmou que Lula se comprometeu a trabalhar mais pela pacificação interna da legenda e que cumprirá uma agenda para fortalecimento da sigla. Sua primeira tarefa será um encontro com parlamentares petistas na segunda-feira, em Brasília.
No início desta semana, Lula pregou uma “revolução” no partido, afirmando que os petistas querem salvar a própria pele. Seu discurso provocou tanta reação que até a presidenta teve que sair em sua defesa.
Falcão tentou minimizar o impacto dessas declarações. Afirmou, em entrevista, que o caso não fora tema de debate. Apesar da tentativa de aplacar a crise, o partido atendeu à cobrança de Lula e divulgou um texto vigoroso em que cobra “reorientação” da política econômica implementada pelo governo.
“Avultam entre essas providências a redução da meta de superávit fiscal, a imediata reversão da elevação da taxa de juros praticada pelo Banco Central e a taxação das grandes heranças, das grandes fortunas e dos excessivos ganhos financeiros”, afirma o texto redigido por Falcão, em consonância com demais dirigentes petistas. O PT reivindica ainda a “aceleração da negociação com centrais sindicais para lançamento de um plano de proteção ao emprego”.
Autor de um texto que serviu de base para esse parágrafo, o secretário de Formação Política do PT, Carlos Henrique Árabe, explicou que a proposta ganhou força após os rumores de aumento da meta de superávit primário – economia para pagar juros da dívida pública.
A resolução da executiva do PT ataca ainda a atuação da Justiça, da Polícia Federal e do Ministério Público Federal na Operação Lava-Jato, que investiga um esquema de desvios e pagamento de propina na Petrobras. Segundo o documento, há uma “ação ilegal, antidemocrática e seletiva” de agentes públicos em um “espetáculo jurídico-político-midiático”.
O texto não poupa o TCU (Tribunal de Contas da União): “É inadmissível a disputa política no interior do TCU para colocar sob suspeição as contas de 2014 [do governo federal]”. Técnicos da Corte apontaram várias irregularidades na contabilidade da União, incluindo as chamadas “pedaladas fiscais”, que permitiram ao governo segurar despesas com ajuda dos bancos públicos que pagam, por meio de transferências, benefícios como o Bolsa Família.
Seguindo a orientação do ex-presidente, o documento também alerta para o risco de “quebra” de empresas investigadas na Operação Lava-Jato. “Preocupa o PT as consequências para a economia nacional do prejulgamento de empresas acusadas”, diz. (Folhapress)
