Um novo estudo conduzido por cientistas brasileiros oferece esperança na luta contra o Alzheimer. A pesquisa revelou que a hidroxinorketamina (HNK), uma substância derivada da cetamina, pode ter o potencial de restaurar a memória em pacientes com a doença.
A HNK foi capaz de reverter a perda de memória em experimentos pré-clínicos, restaurando a capacidade das células do cérebro de sintetizar proteínas essenciais para a comunicação entre os neurônios. Esse processo é vital para a armazenagem de novas informações e a consolidação das memórias no hipocampo, uma área crucial do cérebro.
A chave está na plasticidade sináptica. Nosso cérebro é formado por bilhões de neurônios que se comunicam através de conexões chamadas sinapses. A plasticidade sináptica se refere à capacidade dessas conexões de se fortalecerem ou enfraquecerem em resposta a estímulos, o que é fundamental para a aprendizagem e a memória. No Alzheimer, essa plasticidade é comprometida, levando à perda progressiva da memória.
A HNK atua estimulando essa plasticidade sináptica. Ela parece fazer isso de várias maneiras:
• Aumentando a produção de proteínas sinápticas: Essas proteínas são essenciais para a comunicação entre os neurônios. Ao aumentar sua produção, a HNK fortalece as conexões sinápticas.
• Modulando a atividade de receptores glutamatérgicos: O glutamato é um neurotransmissor fundamental para a formação da memória. A HNK interage com os receptores glutamatérgicos, modulando a transmissão sináptica e promovendo a plasticidade.
• Reduzindo a inflamação: A inflamação cerebral está associada à neurodegeneração no Alzheimer. A HNK possui propriedades anti-inflamatórias, o que pode ajudar a proteger os neurônios e melhorar a função cognitiva.
Em resumo, a HNK age como um “fertilizante” para as sinapses do cérebro, fortalecendo as conexões e promovendo a recuperação da memória.
Benefícios potenciais
Os benefícios potenciais desta substância são promissores. Embora a HNK seja um derivado da cetamina, ela não causa dependências ou alucinações, características associadas à sua substância-mãe. O tratamento parece atuar nos danos causados pelo Alzheimer, especialmente se diagnosticado em fases iniciais.
– Recuperação da capacidade de formar novas memórias.
– Estimulação da expressão de genes relacionados ao funcionamento celular.
– Atuação efetiva mesmo na presença de placas beta-amiloides.
Um novo passo
Embora a HNK tenha mostrado resultados positivos, ainda não é uma solução única. Sem dúvida, os resultados são encorajadores, mas é crucial lembrar que estamos nos estágios iniciais de um caminho longo.
Os testes em modelos animais já mostraram que a HNK pode prevenir danos à memória causados pelo Alzheimer. “Restaurar as sinapses, a comunicação entre células, pode ser mais efetivo do que apenas bloquear placas”, sublinha o neurocientista Felipe Ribeiro, um autor do estudo. Contudo, os ensaios clínicos em humanos são o próximo passo crucial.
Além disso, a HNK tem sido testada em pessoas com depressão severa, mostrando-se segura e com efeitos mais duradouros que medicamentos tradicionais. É necessário um esforço colaborativo para que laboratórios deem continuidade às pesquisas, trazendo uma nova era de tratamento para pacientes com Alzheimer.