Sexta-feira, 27 de dezembro de 2024
Por Redação O Sul | 26 de julho de 2023
O mercado imobiliário de alto luxo no Rio de Janeiro, que vive uma ascensão diante da recessão da Europa e da guerra na Ucrânia, vai além das coberturas, das mansões e outras propriedades em terra firme na capital fluminense, cujo valor do metro quadrado chega a R$ 100 mil. Ilhas paradisíacas também estão à disposição de compradores que topem desembolsar cifras multimilionárias para morar ou investir no estado.
Consultores imobiliários afirmam que há ilhas sendo negociadas a valores que vão de R$ 20 milhões e R$ 70 milhões. Boa parte das negociações conta com acordos de confidencialidade, já que um terreno cercado pelo mar não tem a mesma segurança de um condomínio na orla, como explica João Paulo Salgueiro, da Invexo Imobiliária. Corretores especializados destacam que as propriedades desse tipo são reservadas a clientes VIP.
Mas é possível comprar uma ilha no Brasil? Pode-se dizer dono de uma propriedade cercada pelo mar? No Brasil, segundo o CEO da WhereInRio, Frederic Cockenpot, o processo de aquisição costuma ser o mesmo de outros imóveis, com lavratura de uma escritura pública de compra e venda registrada em cartório.
No entanto, ele diz ser importante verificar as leis e regulamentos específicos aplicáveis a cada ilha, que podem estar sob jurisdição da Marinha ou de outros órgãos governamentais. Com isso, a compra pode envolver procedimentos adicionais ou até restrições à transação.
“Muitas ilhas podem ser comercializadas por meio de agências imobiliárias de luxo, como a WhereInRio, que atendem a clientes VIP, mas a maioria permanece no “off-market”, ou seja, não estão publicamente disponíveis para venda. A discrição e a privacidade são muito valorizadas nesse mercado, e algumas propriedades podem ser oferecidas apenas a compradores pré-selecionados ou mediante solicitação”, afirma Cockenpot.
Refúgio
O especialista aponta que algumas das ilhas mais valorizadas no Rio estão localizadas na Baía de Angra dos Reis, na Costa Verde, famosa pelas águas cristalinas e paisagens naturais. A região é conhecida por atrair celebridades, empresários e outras pessoas de alto patrimônio líquido que buscam refúgios privados.
“Os valores das ilhas podem variar significativamente dependendo de vários fatores, como o tamanho da propriedade, a localização exata, as instalações e infraestruturas disponíveis, a proximidade com serviços e a acessibilidade. Cada ilha é única, e os preços são determinados pela oferta e demanda no mercado, bem como pelas características e atrativos específicos de casa. A de maior valor que já visitei foi de US$ 25 milhões (R$ 118,7 milhões)”, diz Cockenpot.
Altos custos
O especialista ressalta que o público comprador das ilhas se limita a indivíduos de alto patrimônio líquido que buscam um símbolo de status e riqueza, um investimento com potencial de valorização com o tempo ou construção de projetos turísticos/residenciais, ou mesmo um retiro para as férias e momentos de lazer. Ele ressalta que os custos de se ter uma propriedade como essas vão além do aporte inicial multimilionário na venda.
“Alguns dos principais custos envolvidos são impostos e taxas, além do imposto sobre a aquisição do imóvel (ITBI) e das taxas anuais, como o IPTU e taxas específicas para as ilhas, dependendo das leis e regulamentos locais; os custos de transferência, que incluem honorários de advogados e profissionais envolvidos na transação; manutenção e infraestrutura, como energia elétrica, água, segurança e serviços básicos. Além disso, há gastos com o transporte até lá, seja por helicóptero, barco particular ou outros meios”, enumera o CEO da WhereInRio.