Quarta-feira, 30 de outubro de 2024
Por Redação O Sul | 30 de outubro de 2024
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro pediu que seu colega Luiz Inácio Lula da Silva se pronuncie sobre o veto do governo brasileiro à entrada da Venezuela no Brics, nessa segunda-feira (28). O ditador, no entanto, evitou responsabilizar Lula diretamente pelo veto, e mirou nos funcionários da chancelaria brasileira.
“Prefiro esperar que Lula observe, esteja bem informado sobre os acontecimentos, e que ele, como chefe de Estado, em seu momento, diga o que tem que dizer”, disse Maduro, em seu programa semanal na TV pública. “O Itamaraty tem sido um poder dentro do poder no Brasil há muitos anos. Sempre conspirou contra a Venezuela. É uma chancelaria muito ligada ao Departamento de Estado americano, desde a época do golpe de Estado contra João Goulart”, afirmou.
Antigo aliado de Maduro e de seu antecessor Hugo Chávez, Lula se distanciou do presidente venezuelano após sua polêmica reeleição, em julho, num pleito que a oposição do país denunciou como fraudulenta. O venezuelano compareceu de última hora à cúpula de chefes de Estado do Brics, na semana passada, na cidade de Kazan, na Rússia, para pressionar pela entrada do país no bloco — o que não aconteceu. Lula não participou do encontro, após se machucar em um acidente doméstico, dias antes da viagem.
Mas o assessor especial da Presidência, Celso Amorim, era contra a entrada do país no bloco. Em entrevista, na semana passada, Amorim disse que veto respondeu a uma “quebra de confiança”.
“[A entrada da Venezuela ao Brics] Não é um problema do regime político, é uma questão de quebra de confiança. Nós agimos de boa-fé, mas com a Venezuela quebrou-se a confiança”, afirmou Amorim, em referência à promessa do Palácio Miraflores de entregar as atas do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), o que nunca aconteceu.
No último sábado, o procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab, chegou a questionar o acidente doméstico sofrido por Lula, que chamou de “álibi” para justificar a ausência do brasileiro na reunião do bloco. Maduro, no entanto, preferiu não endossá-lo.
“Não me pronuncio sobre esse tema. Cabe aos médicos e ao presidente Lula falar”, disse o presidente, que indicou que continuará insistindo na entrada da Venezuela no Brics. “Devemos esperar resultados dos nossos próprios esforços, nunca depender de ninguém, seja quem for. Não dependemos do Brasil para nada, nem de ninguém”, alfinetou. As informações são do jornal O Globo.