Quarta-feira, 09 de abril de 2025
Por Redação O Sul | 31 de julho de 2024
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse a repórteres nessa quarta-feira (31) que pediu à Suprema Corte do país que conduza uma auditoria da eleição presidencial. A decisão do presidente venezuelano, que também disse que seu partido está pronto para mostrar a totalidade da apuração das atas eleitorais, vem em meio a apelos internacionais para a divulgação da contagem detalhadas de votos depois que a oposição contestou sua vitória.
O Supremo Tribunal de Justiça venezuelano, assim como o Conselho Nacional Eleitoral, que atestou a vitória de Maduro, é alinhado ao presidente.
Favorita para derrotá-lo nas eleições, a líder da oposição, María Corina Machado foi inabilitada para ocupar cargos públicos por 15 anos em uma decisão do órgão de janeiro deste ano.
Também na tarde dessa quarta, Maduro discursou para jornalistas internacionais e falou em tentativa de golpe de estado contra a Venezuela, que seria articulada pela oposição e pela comunidade internacional. Antes das eleições, o presidente venezuelano acusou a mídia internacional presente no país para observar o pleito de ser “assassinos de aluguel”.
“Não hesitarei para chamar o povo a uma nova revolução, nós não nascemos no dia dos covardes”, disse o presidente venezuelano.
Em seu pronunciamento a jornalistas, Maduro também voltou a acusar Edmundo González e María Corina Machado de estar por trás dos protestos que tomaram o país contra os resultados das eleições. O Ministério Público, chefiado por um chavista aliado de Maduro, investiga os dois.
Mais cedo, nessa quarta, o Centro Carter, órgão de monitoramento internacional que acompanhou a eleição de domingo (28) como observador, atestou que ela “não atendeu aos padrões internacionais de integridade e não pode ser considerada democrática” e que a autoridade eleitoral “demonstrou claro viés” em favor do atual presidente Nicolás Maduro.
Em resposta, Maduro disse que a nota do Centro Carter já estava pré-escrita e apenas com alguns detalhes para preencher.
Antes, a Organização dos Estados Americanos (OEA) havia afirmado também não reconhecer o resultado da eleição. Disse haver indícios de que o governo Maduro distorceu o resultado.
Ataque
Também nessa quarta, María Corina Machado fez um ataque a Nicolás Maduro e à repressão violenta de protestos contra o anúncio de sua reeleição no X.
A líder da oposição na Venezuela afirmou que, em 48 horas, ao menos 16 assassinatos, 11 desaparecimentos e mais de 177 detenções arbitrárias foram registradas no país e falou em um alerta ao mundo sobre “a escalada cruel e repressiva do regime” de Maduro.
“Diante da contundente e indiscutível vitória eleitoral que nós venezuelanos conseguimos, a resposta do regime é assassinato, sequestro e perseguição. (…) É a resposta criminosa de Maduro ao povo venezuelano que saiu às ruas em família e em comunidade para defender sua decisão soberana de ser livre. Esses crimes não ficarão impunes”, postou Corina.
O número de mortos nos protestos contra o anúncio da vitória de Nicolás Maduro nas eleições presidenciais da Venezuela subiu para 12, segundo ONGs que atuam no país e a Procuradoria-geral venezuelana.
O dia de manifestações intensas de terça-feira (30), que foram marcados pela violenta repressão das forças de segurança, também deixou centenas de presos.
Liderada por María Corina Machado, a oposição afirma ter provas da sua vitória. Ela diz possuir cópias de 84% das atas, que provariam a fraude, e as publicou em um site.
A comunidade internacional também pressiona por uma recontagem transparente dos votos, com a OEA declarando não reconhecer resultado das eleições e com os observadores do Carter Center atestando que a votação “não atendeu aos padrões internacionais de integridade e não pode ser considerada democrática”.
Segundo fontes ouvidas pela agência de notícias Reuters, a oposição espera que o aumento dos protestos contra a vitória de Maduro e da pressão estrangeira sobre o governo possa abrir caminho para a divulgação das contagens das urnas ou para uma solução negociada.
As manifestações contra a reeleição de Maduro também cruzam as fronteiras venezuelanas. Na segunda (29), várias pessoas se juntaram para protestar em Madri, na Espanha, e na noite de terça (30), o mesmo ocorreu na Cidade do México e em Buenos Aires, na Argentina. As informações são da agência de notícias AP.