Terça-feira, 25 de março de 2025
Por Redação O Sul | 23 de março de 2025
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, suspendeu a cooperação de deportação depois que o governo Trump revogou uma política da era Biden.
Foto: ReproduçãoA Venezuela anunciou que havia chegado a um acordo com o governo Trump para voltar a aceitar voos de deportação que transportam imigrantes que estavam nos Estados Unidos ilegalmente, com o primeiro deles aterrissando já nesse domingo (23).
Parte da disposição da Venezuela em aceitar os voos parece estar relacionada à situação dos imigrantes venezuelanos que o governo Trump enviou recentemente para prisões em El Salvador, com pouco ou nenhum processo legal. Em uma declaração no sábado, um representante do governo venezuelano disse: “A imigração não é um crime, e não descansaremos até conseguirmos o retorno de todos aqueles que precisam e resgatar nossos irmãos sequestrados em El Salvador”.
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, suspendeu a cooperação de deportação depois que o governo Trump revogou uma política da era Biden que permitia a produção e exportação de mais petróleo na Venezuela.
Desde a suspensão dos voos, Maduro vem sofrendo intensa pressão do governo Trump, que tem pressionado várias nações latino-americanas a aceitar mais deportados. O Secretário de Estado Marco Rubio disse nas mídias sociais que a Venezuela enfrentaria novas sanções “severas e crescentes” caso se recusasse a aceitar seus cidadãos repatriados.
Os venezuelanos cruzaram a fronteira entre os EUA e o México em números recordes nos últimos anos, em resposta à crise econômica e social que consome o país, que Maduro atribui às sanções dos EUA contra seu regime.
O acordo para retomar os voos de deportação ocorre depois que o governo Trump invocou uma obscura autoridade de guerra de 1798, chamada Alien Enemies Act, para deportar imigrantes venezuelanos para El Salvador, cujo líder concordou em aceitar os imigrantes, colocando-os em prisões onde as condições são tão assustadoras que muitos especialistas dizem que constituem abusos dos direitos humanos.
O uso da autoridade de tempo de guerra surgiu como um ponto de inflamação em uma luta mais ampla entre juízes federais de todo o país, que tentaram restringir muitas das recentes ações executivas de Trump, e um governo que chegou perto de se recusar abertamente a cumprir ordens judiciais.
Na semana passada, um juiz federal em Washington emitiu uma ordem temporária impedindo o governo de deportar qualquer imigrante sob a autoridade de tempo de guerra, dizendo que não acreditava que a lei oferecia motivos para os voos de deportação.
O governo Trump alegou que os imigrantes venezuelanos enviados a El Salvador eram todos membros de gangues criminosas, mas as famílias de alguns desses homens, bem como os advogados de imigração, argumentaram que esse não era o caso de todos os deportados enviados às prisões de El Salvador. E o governo forneceu poucos detalhes sobre quem eram de fato os indivíduos enviados para lá. Parecia haver pouco ou nenhum processo justo em jogo.
Donald Trump pareceu cativado pela capacidade de enviar pessoas para os complexos prisionais de El Salvador, ameaçando na sexta-feira (20), que aqueles que fossem pegos vandalizando Teslas poderiam ser banidos para lá por 20 anos.
O presidente e seus aliados, incluindo Elon Musk, entraram em guerra com o juiz por causa de sua ordem que restringia as deportações, pedindo o impeachment dele. A rápida escalada da disputa fez com que o juiz John G. Roberts Jr., da Suprema Corte, fizesse uma rara declaração, advertindo sobre os pedidos de impeachment do juiz. Isso gerou preocupações sobre uma crise constitucional. (Informações do jornal o Estado de S. Paulo)